quarta-feira, 1 de maio de 2013

a moça e o rio


Escolher os livros que você irá levar para o “campo” é sempre uma tarefa difícil... 

não estou falando nem dos necessários para sua qualificação, digo dos que irão te distrair∕divertir. Você nem sabe se terá tempo ou saco para lê-los, afinal, socializar com a galera faz parte do trabalho... uma outra coisa é o peso da sua mochila...

aulas de etiqueta: apenas você é responsável pelo que leva. não peça ajuda para carregar SUAS coisas. Não seja a dondoca do barco, por favor.

Fiquei na dúvida entre os de sacanagem, os guias de viagens e literatura. Nessa ordem. Os de sacanagem, por motivos óbvios. os de viagem, pra deixar você por dentro da cidade mais incrível ou os de literatura, sanando assim, sua doce obsessão por Ernest Hemingway

Levei o velho e o mar*:



Uma das coisas que te faz legal é você não ignorar os “pesquisadores” em detrimento dos livros... eles podem te julgar, te sacanear e dizer que você só quer aparecer. Tenha cuidado e jogo de cintura, não finja que os jogos de poder não existem, lembre-se da microfísica de Foucault. 

A oportunidade de ouro é quando a equipe resolver ligar o computador. Não seja estranha. Um outro horário bom é após as refeições, aproveite a luz do dia, assim você se esbalda na paisagem e lê a saga de Santiago nas correntes do Golfo, com aquela vista pro rio madeira... é muito prazer minha gente!

O velho e o mar (1952) ganhou prêmio nobel de literatura, dois anos após a sua publicação. 

Daí você se pergunta, como um monólogo munido de algumas narrações consegue ser tão convincente?

Hemingway defendia uma linguagem simples, frases curtas, construções claras e poucos adjetivos. Aparentemente essa é sua fórmula. funciona, emociona.

Santiago (o velho) fisga um peixe de cinco metros e está sozinho em alto mar. A relação entre ele e o peixe é de deixar qualquer etnólogo perspectivista no chinelo, viveiros de castro pira! 

Tânia Stolzen (link, um peixe olhou pra mim) ficaria comovida com a homenagem:



Spoiler de "o velho e o mar":

Apesar do sofrimento, da dor nas mãos e ombros sangrando pela força do peixe, do atrito com a linha, do cansaço, da saudade... “mas o rapaz não está aqui”, pensou. “você só tem a si mesmo, e agora o melhor que tem a fazer é chegar àquela outra linha, no escuro ou não...” (pg. 47)... Santiago não corta a linha que o liga ao peixe, mantém a luta. Para ele, lutar é resistir e assim permanece por dias e dias.

a moça continua, não se sabe ao certo qual peixe que encontrará no madeira, no purus, no solimões, no tapajós, no negro, no amazonas, autaz mirim, onça vermelha (...) mas definitivamente, ela não cortará a linha... nem arrancará o anzol. 

Santiago não ensinou só a Manolín. 
Sigo na obsessão, o próximo será “por quem os sinos dobram”.

Boca do madeirinha, em 22 de abril de 2013 - 10:21

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