segunda-feira, 11 de dezembro de 2023

Música brega, bar da Gal

Hoje eu estou bem feliz. Escrevi um texto que eu estava enrolando desde sexta feira e acho que fiz uma boa conexão, ficou simples e bom. Quinta ouvi uma antropóloga lendo um texto que ela escreveu,  meu deus... como escreve bem, tenho tanto orgulho da minha profissão!

Fico chocada que São Paulo acredita que dá conta de explicar a cidade com um punhado de arquiteto e psicanalista que leram alguns parágrafos da Raquel Rolnik. Olha, que pesadelo! 

O texto da Mari era lindíssimo, simples, super bem escrito... mas pra chegar lá, é chão... quanto mais simples, mais difícil.

Faz tempo que não escrevo por aqui, perdi a mão. Comprei um fone sem fio, porque o celular que a minha irmã caçula me deu não tem entrada. Estranho. O fato é que estou ouvindo música desse jeito mágico... e de tão feliz, fiquei deixando rolar minha playlist infinita de academia e corrida... desligo as luzes e danço um pouco com o som no talo.

Por três vezes, eu voltei três músicas. Todas bregas. Mas uma me chamou mais atenção. Pássaro Noturno, da Simone e Simaria, ela é de 2014, 2015. Fiquei tentando investigar de onde vinha essa memória. 

Estava viajando de barco, era início de 2014, fui fazer trabalho de campo para finalizar o mestrado sob a orientação da Deise. Estava com algumas fotos no meu celular e o livro que ele disse que tinha lido na infância. Era Monteiro Lobato, Urupês. Estava na rede, com pouca luz, já era noite e eu ali, lendo, grifando, escrevendo, juntando peças pra ver algum sentido naquilo tudo que estava sentido. 

Fiquei com um pouco de fome, e antes de comer qualquer coisa, fui ao banheiro do barco. Mil quilômetros da minha rede, tive que atravessar todas as malas e cortar caminho pela lateral. Perto da cozinha, onde tinha algumas opções de lanche, resolvi subir.

É importante dizer uma coisa. Um barco recreio é uma espécie de busão popular com uma pista de dança bem brega no teto. Meu Deus, que saudade do meu país! 

Chegando lá, tocava pássaro noturno. Céu estrelado, noite fresca, sem lua aparente. Algumas pessoas dançavam, outras só bebiam. Fiquei quieta, olhava de longe. Achei aquela música a coisa mais linda do mundo, e que ela tinha sido feita pra mim. Chorei e percebi que estava apaixonada. Fiquei rindo de mim mesma, ouvi mais algumas outras músicas e fui dormir. 

Pássaro noturno

Na semana passada, estava acompanhando uns pesquisadores da Holanda e da Alemanha. A coisa mais legal que eu poderia fazer por eles era levá-los ao Bixiga, escolher uns lugares bem caóticos, e dizer que aquilo ali era um resumo do Brasil. Um deles foi um muquifo no final da 13 de maio com a proprietária mais incrível do mundo. A Gal é de Manaus, até calderada de tambaqui ela já fez pra mim! Socorro! querida demais. 

Lá, além de escolher as músicas, a gente pode cantar também. Escolhi pássaro noturno pra lembrar dos barcos recreios. No meio da música, me senti envergonhada, exposta, não sei. Não fazia o menor sentido cantar aquela música. Desconversei e não cantei até o final, fui comprar uma água. 

Depois foi a minha vez de escolher de novo. Dessa vez uma música pra dançar. Escolhi Warilou, do Wanderley Andrade. 

Warilou


Que sucesso! todo mundo amou e dançou. Gal disse assim:

Essa é manaura. 

Morri de rir, muito orgulhosa de mim <3


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