sexta-feira, 5 de maio de 2023

Carolina

Ontem li "Quarto de despejo: diário de uma favelada" (1958) de Carolina Maria de Jesus. A motivação veio de um nó no peito, uma angustia, sentimento de injustiça misturada com uma raiva que não passa. 

Carolina é imensa, sua escrita é devastadora. 

Fui esquentar minha comida que fiz no final de semana. Fiz em panelas, não em latas. O meu frango guizado tem batatas, alho, tomate, sal, tempeiros. O meu feijão preto tem carne, cebola, alho, sal, tomate. O arroz tem lentilha e foi refogado com alho e cebola, a minha farinha é do Uarini, minha tia me deu. Havia na geladeira salada fresca, tomate, pepino, manga, cebola roxa, mais de um tipo de alface, cenoura ralada. Temperei com sal, mel e limão. O meu prato é lindo, rosa e branco, de cerâmica. Comi devagar, sentido o sabor de cada coisa que eu havia colocado no prato... em lágrimas. Assim que acabei de comer, lavei os pratos. Havia sabão e água pra isso.

Carolina viveu o impossível.

Iniciei o livro pensando em várias possibilidades na tentativa de resolver o problema da fome naquele contexto. Porque ela não plantava... Porque não fez acordo com algum feirante... Se fosse eu... 

Da metade do livro em diante, entendi. É covarde a minha comparação. Os dados sobre insegurança alimentar apontam que há em torno de trinta e três milhões de pessoas que não sabem o que vão comer. 

É impressionante como a descrição é poderosa... 

Fico em silêncio, deixo as palavras de Carolina Maria circularem em mim...


segunda-feira, 1 de maio de 2023

Mini baratas

Hoje eu acordei com a luz do sol no talo na minha cara.

Gosto de dias assim, é um privilégio o sol esturricar na cama. Dormi com a janela e cortina aberta. Fechei as cortinas e dormi mais um pouco. Foi bom ter escrito ontem, um pouco todo dia pode me ajudar a descrever mais e melhor. As roupas claras secaram, passei as capas do sofá e embalei ele de volta. Não ficou do jeito que eu queria, mas vou me acostumar até a mamãe chegar. Precisa de um capricho que só ela tem. Ao menos está limpinho. Fiz um mistura de batata doce, aveia e ovo. A minha banana acabou. Parecia que ia ficar bom mas não ficou. Eu não gosto mais de batata doce e não suporto mais nenhum tipo de banana que não seja a prata. Coloquei roupa de treino, tênis, joguei o lixo, passei em frente à academia, perguntei até que horas ficava aberta. Até as 22:00. Passei direto e fui ao supermercado, era quase 13:00. Comi um pão de queijo com recheio de frango. Procurei por alho de verdade e não tinha, comprei aqueles triturados de pote e fiquei chocada como aquilo tem de tudo. O cheiro é horrível, nem parece alho, nunca mais eu compro. Fiz uma comida nutritiva, boa, simples. Não gostei de nada. Improvisei um altar e comprei uma vela de sete dias, rezei um pouco, sigo tentando merecer o tal do livramento duplo do mês de maio. Decidi que gosto de meia luz e não aguento mais essa luz estridente em cima de mim quando escurece, mesmo sendo amarelada e linda, tá demais. Tomei banho com a iluminação da vela e gostei. Vou ver preço de abajour e castiçal na internet. Comprei chá de camomila de saquinho. Não é o mesmo gosto do matinho seco, mas dá menos trabalho na hora de fazer e lavar. Ao menos à noite queria algo mais simples que fizesse menos sujeira. Vou ter de comprar um de qualidade melhor, mas não sei qual. 

Acabei de ver uma luminária de mesa na amazon. cinquenta e cinco reais. a luz é suave e não ofusca, sem danos aos meus olhos. ecológico, seguro e confiável. sensível ao toque, cabe na palma da mão. gostei da descrição, melhor que muita gente. vou deixar as velas no banheiro. o título desse texto e a motivação para escrever, foram as mini baratas que achei debaixo da pia. quero dormir. amanhã verifico como posso tira-las de lá. o que mais me desespera, é que são filhotes. acabei de ver no google que a cada ninhada são em torno de 30 a 50, meu deus... 

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