quarta-feira, 30 de julho de 2014

domesticando cidades

Se as ruas largas, o asfalto infinito e os noticiários violentos te assustam... calma, há algumas formas de você domesticar o concreto selvagem:

1. Comece pelas calçadas, passe a caminhar pelas manhãs até a padaria ou supermercado mais próximo todos os dias, mesmo num dia estranhamente frio, procure cumprimentar as pessoas, "bom dia" antes de qualquer coisa é bem gentil e te facilita a vida, acredite;

Rio de Janeiro, 2014.


2. No intuito de participar da vida dos nativos, passe a fazer atividades físicas mínimas, essa ação no corpo é extremamente valorizada neste local, finja ser uma celebridade da novela de Manuel Carlos e comece caminhando, não vá mentir para si mesmo e acordar entrevado na manhã seguinte;

3. Faça amizade com os transeuntes centenários da praia e não confunda suas atividades com Yoga, trata-se uma ginástica engraçada onde além de fazer umas coisas esquisitas com os braços e pernas, você diz a si mesmo, em voz alta, que merece paz, sol, mar, saúde, dinheiro e saladinha. Não os ridicularize, esse ritual é feito todos os dias há mais de 20 anos;

4. Assim como no país Cubano você podia comprar em cada esquina os diários originais de Ernesto Guevara, aqui você acha em cada esquina as partituras originais de Vinícius de Moraes... segure seu dinheirinho! a terra da bossa nova não brinca em serviço!

5. Assista o pôr do sol olhando para aquelas duas pedras gigantes e reflita sobre as diferenças estéticas entre aquelas montanhas e a "Bela Adormecida" de São Gabriel da Cachoeira... 

6. Procure fincar bandeira em pequenos espaços, pode ser uma praça, uma rua, A BIBLIOTECA NACIONAL, o lugar que vende sua empadinha de queijo favorita ou o suco mais sensacional do planeta! não tenha pressa, faça uma rotina e tenha uma mini vida sem atropelos, o apressado come cru. 

Saborear cidades em pequenas colheradas pode ser incrível!








sexta-feira, 18 de julho de 2014

casa de caba, o espetáculo



casa de caba: Erika, Alfredo, Samir, Jeorgio, Magaiver, Paulo, Josias.
foto: acervo da banda.


São eles, seis meninos e uma fantástica menina, não, ela não só enfeita o palco, enquanto "eles" tocam, cantam, Érika concentra, incorpora e domina o fluxo da banda, a percussão que nada mais é que um coração batendo forte e sincopado harmonizando com a performance que está por vir. Alfredo, com o instrumento de sopro, é a cereja do bolo: fantástico!

Dessa maneira, apresento a banda a partir das primeiras pistas do que Casa de caba é capaz.

Minha primeira experiência, foi a partir de um espetáculo dentro de outro espetáculo, vou explicar.

Aprendi com Fredrik Barth que "descrever não é explicar", longe de querer explicar a experiência que é assistir uma apresentação desse organismo vivo no palco pulsado por este coletivo encantado, a descrição já me garante um excelente treinamento na escrita e convenhamos, é um trabalho árduo fazê-la com um mínimo de sinceridade.

Quando escrevo um "espetáculo dentro do espetáculo", me refiro ao primeiro deles: a vista do ao mirante... que lugar! 

Fonte: nossas raízes.

A caba, aos não nortistas, é um inseto conhecido em outras partes do país como vespa ou marimbondo, aquele que tem um ferrão assassino sabe? Uma picada do bichinho dá uma super febre, o local incha e fica umas 24h dolorido, falo com propriedade pois já fui vítima em uma das piscinas da vila olímpica (antes de ser ameba, já fui uma atleta! rs)

A caba
Foto: Juvenal Canto.


Em poucas palavras, "casa de caba" é sinônimo de afaste-se. 

Lembro que quando a primarada se reunia em algum sítio (chácara), era uma emoção absurda encontrar uma casa de caba no caminho que fazíamos, os mais endiabrados chegavam bem perto e tacavam pedras ou pedaço de pau, a platéia ficava alucinada esperando cair partes daquela bola marrom pendurada no tronco da árvore - alvo. Apesar do pavor, todos tinham o desejo interno que aqueles "helicópteros assassinos" voassem de suas casinhas para sairmos gritando loucamente em busca de refúgio, tudo era uma grande diversão.

Casa de caba
No dia que os assisti, eles mantiveram um mosquiteiro no palco com muita razão, a caba é foda... não perdoa ninguém. No entanto, neste domingo de ao mirante, não havia mosquiteiro, o que abre espaço para uma reflexão interessante. 

Entre o povo Sateré-Mawé, há um ritual de iniciação conhecido como o "Ritual da Tucandeira", em resumo é o seguinte: Várias formigas vivas são colocadas num chá de folha de caju amassada para que as tucandeiras entrem numa espécie de transe ou desmaio... elas não morrem, só ficam ali, quietinhas, tirando um cochilo. 

Paralelo à esta atividade, é confeccionada com palha verde um tipo de luva, de maneira que as formigas "adormecidas" sejam colocadas delicadamente em cada buraquinho do trançado, os ferrões ficam arrumados na parte interna.

Fonte: TVAB Manaus.

Aos poucos, a belezocas vão acordando e os rapazes vão se organizando e passam horas com as mãos dentro da luva... eu disse horas! Pra que? ora... prestígio, saúde, honra, muitos se tornam guerreiros e ótimos caçadores, há boatos que o que aguenta mais tempo namora a mais gata* da aldeia.

Fonte: TVAB Manaus


* Advirto que isto é um blog com o objetivo de cultivar plantações de abobrinhas e não uma revista científica, sugiro buscar literatura específica ou um especialista caso se interesse pelo assunto, neste caso a querida Kalinda Felix. Acrescento que este texto não será discutido na Associação Brasileira de Antropologia (ABA) este ano.

Vamos voltar a "Casa de caba".

O mosquiteiro no palco significa a suposta "proteção" de quem não aguenta as ferroadas. Quando você menos espera, o espetáculo começa, melhor, a casa de caba é atingida por um pedaço de pau que simbolicamente saem em disparada em direção à plateia... Não fuja! É pura adrenalina!

Magaiver
Foto: acervo da banda.

O vocalista, vulgo Magaiver, tem uma presença de palco que impressiona. É quase inacreditável estar presenciando aquele show absurdamente artístico e performático num domingo tão despretensioso naquele lugar que você adora... apresentação de riqueza extraordinária, domínio do corpo, teatro, poesia, música... único, aliás, cada show é único... haja criatividade, é de arrepiar! 

De acordo com o querido André de Moraes, o rapaz compõe as próprias músicas, são críticas, criativas, divertidas, desconstrutoras, deliciosamente dançantes! "spray de pimenta" e "cavalo do cão" são viciantes!!!

Veja essa entrevista no fb: Casa de caba


Casa de caba no teatro



Se você se assanhou pelo princeso, aquiete o "facho", o amor é lindo e a moça é gata pacarái.

*

Vamos esperar... assisti-los é uma experiência de sentidos, abra mão do mosquiteiro, casa de caba surpreende.


"o progresso não gosta de índio"
Os antropólogo pira.

sábado, 12 de julho de 2014

o trabalho e a lepra

Homem infectado por lepra, esse está em ótimo estado,
não tente usar o google. 

A lepra é vulgarmente conhecida como a doença mais antiga do mundo e afetou a humanidade por aproximadamente quatro mil anos. É contagiosa e pasmem: seus sintomas aparecem em dois ou cinco anos, no geral. 

Durante muito tempo as pessoas contaminadas eram convidadas a se retirar do meio social nos antigos leprosários, no Amazonas, você pode conhecer uma ruína fabulosa, que funcionou como abrigo para esses rejeitados, na Vila de Paricatuba, poucos minutos de Manaus.

Dito isso, saiba que ao mergulhar em algum trabalho de escrita ou similares, teus amigos vão te tratar como se você tivesse contraído tal doença, nem adianta deprimir, aceite. Além de fudida de verde e amarelo por razões que você sabe, nem um botequinho pra afogar as mágoas e falar abobrinhas numa sexta feira ingrata você terá.

Vingança é um prato que se come frio. 


Os internos do leprosário de Paricatuba eram proibidos 
de receber visitas. 




sexta-feira, 11 de julho de 2014

ginger mango

quando a culpa não vem...


A mula moscovita sem cabeça.


Que tipo de vídeo é esse Brasil????
Quem fizer primeiro (a bebida) convida, pelo AMOR!!!

segunda-feira, 7 de julho de 2014

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