quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

condicionamento


Desde aquele debate de criminologia da faculdade, sobre esse clássico da sétima arte, você aprendeu que certos condicionamentos são nocivos... no entanto, aquela sua escrivaninha linda, cheia de gavetinhas onde você dispõe seus livros, textos (xerox - arg!), coisinhas de viagens, canecas com suas canetas, marca textos, caixinhas com post-it e... seu leito lindo ao lado. isso não está funcionando pra você, assuma que precisa de ajuda.

Uma outra coisa que vem fazendo parte da sua rotina é que no meio de uma leitura árdua, você sempre se sabota... diz que vai dormir meia horinha pro seu "cérebro oxigenar" (da onde você tirou isso?) e acorda três horas depois... se acordar. 

Uma outra tentativa é a cozinha, aquela mesa convidativa... perto da geladeira, do banheiro, do bebedouro... das conversas aleatórias, dos bebês lindos que vez ou outra aparecem na sua casa... enfim, você precisa sair da sua prisão domiciliar e procurar um cativeiro externo.

O fato de você procurar um local silencioso, com mesas e ligeiramente arejado te faz perceber que te resta pouca opção em Manaus:

1. Biblioteca do Museu Amazônico: são muitas lembranças, você não quer lidar com isso agora;
2. Sala de estudos do seu programa de pós, sempre tem um colega legal pra você colocar a fofoca em dia;
3. Bibliotecas próximas ao centro: todas fechadas;
4. Biblioteca do parque dos bilhares: é ótima, mas às vezes, o ar-condicionado não funciona;
5. Biblioteca do CIESA: sempre vem algum colega te perguntar se você já fez o exame da ordem, qual livro você está lendo, se já casou, pra qual concurso está estudando... SACO! FUJA!
6. Biblioteca da FAMETRO: você nunca sabe se vão te deixar entrar sem carteirinha;
7. Biblioteca da UFAM/ICHL: se você emprestou aquele livro em 2011, achando que ninguém ia notar... é melhor devolver... vai te permitir emprestar outros... o bom desta biblioteca é que te mantém isolado. lembre-se que o objetivo é arrumar um cativeiro com um certo conforto pra você triunfar nas suas leituras infinitas.

Voltando à questão do condicionamento, faça isso durante uma semana, como se participasse de um grupo de dependência química, "só por hoje..." e lembre-se das máximas das aulas de filosofia do ensino médio:

"o hábito é como uma corda, você tece todos os dias um fio, até que não consiga rompê-lo" ou algo assim.



faça um cronograma levando em consideração as variáveis: tempo que te resta, textos que ainda faltam (...) não esqueça do seu toddynho e do biscoito... boa sorte!

trate seu cérebro como um músculo* na academia, em pouco tempo você se tornará uma reading machine. 

* essas informações não tem o menor compromisso com as ciências pedagógicas ou biológicas. isso é fruto de imaginação e falta do que fazer (ok, mentira). é prazer mesmo. 

ERRATA: de acordo com portal a crítica.com, a biblioteca pública do Amazonas foi reaberta na manhã desta quinta (31.01.2013).



terça-feira, 29 de janeiro de 2013

educação sentimental

cansaço sm. Falta de forças causada por exercício demasiado ou por doença; canseira.  (aurélio)

não é doença. exercício físico também não é, pagar academia e não frequentar não adianta... viver cansa, é dessa canseira que eu tô falando. não satisfeita com suas obrigações cujo prazo termina em fevereiro, você resolve ser ouvinte da disciplina do seu co-orientador,  afinal, todo castigo é pouco, já diziam os cristãos.


muro das lamentações: facebook, local sagrado do povo judeu.

ainda que este começo tenho um  Q de "muro das lamentações", não é este o objetivo. 

ser obrigada a assistir essa disciplina, digo, ser convidada gentilmente a participar como ouvinte dessa disciplina, fez você ter acesso a essa joia:  "educação sentimental" de gustave flaubert (1821-1880), o carinha de madame bovary, daquela coleção da abril cultural que tem na sua casa e  você ainda não criou vergonha na cara pra ler.

se você ficou toda feliz e serelepe achando que vai ler a obra, se enganou, você vai ler os comentários de bourdieu, aquele tiozinho que faz questão de estragar sua brincadeira... ossos da ciência.

"não se escreve o que se quer" (G.F.) essa é a primeira pernada que você leva.

a educação sentimental de flauber, em poucas palavras (preliminares), significa envelhecer socialmente...  e isso tem te cansado bastante.

parar?

você não tem essa opção.

torça pra esse treinamento não te transformar numa caixa de chatices,
sempre que isso acontecer, lembre-se do dodilei que está na geladeira...


And I find it kind of funny
I find it kind of sad













.

aos olhos de ressaca:



green eyes, coldplay

segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

dodilei




você precisa ser seletivo com as suas amizades... e dentre os critérios de seleção, sempre faça políticas afirmativas de ingresso no seu coração, para mineiros. sério.

além de você conviver com aquele sotaque lindo, eles sempre vão te surpreender com aquelas comidinhas que você ama: DOCE DE LEITE, vulgo, dodilei (morri gente!) 

esconda o quanto puder seus sentimentos interesseiros. eles não merecem saber que você é fria e calculista... 

aos amantes de nutella, retirem-se do blog, nada se compara à esse sabor mineirinho... 


domingo, 27 de janeiro de 2013

sêneca



Desde quinta feira, depois de ter atirado propositalmente seu aparelho celular novo ao chão, você decidiu mantê-lo sem a bateria e passou a guarda do mesmo à sua amiga. ele estava barulhento demais. estranho? vejamos.


nenhum homem é uma ilha, nenhuma mulher também.


Há quem procure ajuda no outro, tenho a impressão que todas as nossas respostas, estão dentro. basta esperar que ela vem. Em tempos de guerra, o melhor é recolher a munição, isolar as ferramentas e esperar a poeira baixar. Você consegue.

Ficar sem wpp, fb, sms e ligações, vai te ajudar a escrever, ler e terminar os seus trabalhos, aproveite esse momento de “retiro espiritual” da melhor maneira possível, inclusive convide seu amigo Sêneca para uma conversa, esse cara tem te ajudado a refletir sobre uma pá de coisas sobre a vida e alguns aspectos interessantes dela.







Quando este encontro chegar, não se intimide, esse filósofo gosta de umas bebidas quentes e caras, três doses serão suficientes... além de conversinhas promíscuas e imorais. Esteja esperta pra ouvir toda sorte de mentiras e enganações, ele vai querer te tapear.




sintonia



sábado, 26 de janeiro de 2013

muiraquitã




Conforme o livro Macunaima (outro que você já deveria ter lido, veja o filme ontem) as mulheres guerreiras que habitavam o baixo Amazonas, ofertavam o muiraquitã aos índios da tribo mais próxima, depois do acasalamento. A mística do presente oferecido aos índios visava a encorajar a fidelidade a elas e para que, ao exibirem-no, fossem respeitados, pois presentear um índio com um muiraquitã representava o ato sexual consumado entre uma Icamiaba e um índio. As icamiabas compunham uma sociedade rigorosamente matriarcal e se dessa união nascessem filhos masculinos, estes seriam sacrificados, deixando sobreviver somente os de sexo feminino. (wiki)

O grande clichê tradição manauara é você presentear ou carregar consigo um colar com este sapinho encantando no pescoço, "os mino pira", afinal, estamos falando de um ritual de acasalamento. Um outro aspecto desse "mito" pra lá de vivo, é a quantidade de tatuagens deste cururu verde nos corpos desta região, sensualizando geral. 

Pensando nesta perereca, carregada de todo poder simbólico... sucesso de público e crítica, é que um grupo de amigos de origem não-manauara-pesquisadores-do-inpa-infelizes-com-a-cidade, resolveram alugar um terreno baldio nas proximidades do coroado pra tomar cerveja e curtir uma paz amazônica, digo, para se manifestarem culturalmente exaltando a diversidade do recife (hã?) com um delicioso maracatu envolvente.


    Nação Zumbi, meu maracatu pesa uma tonelada.


Lá, você percebe que todo o seu guarda roupa combina com aquele lugar: vestidos floridos, saias rodadas, cabelos soltos e emaranhados, acessórios artesanais... aproveite pra  desentocar aquele seu maxi colar indígena lindo e brilhe neste evento, não vá com o muiraquitã, você seria acusado de metalinguagem.

O banho é opcional, no entanto, o clima/energia de paz e harmonia é unânime, se você não tiver um ex-namorado rondando por lá, nem aquele professor que te sacaneou naquela disciplina... é felicidade na certa! 

gustave courbet

Gustave Courbet (1810-1877) foi um pintor francês. Acima de tudo um pintor da vida camponesa de sua região. Ergueu a bandeira do realismo contra a pintura literária ou de imaginação. (wiki)




Courbet foi, também, um voluptuoso pintor de mulheres: talvez seu quadro mais célebre seja um torso feminino desnudo, mostrando o sexo, mas sem a cabeça, os braços e as pernas, intitulado "A origem do mundo", de 1866.

diálogo fictício*


X - To fazendo!!!!!!  tô muito feliz, sério!

Y - sério????? porra! quero coragem! dói? me conta tudo!

X - dói nada!!!!!!

Y - tem que deixar crescer?

X - papo, dói. tem que deixar um pouco, SÓ.

Y - onde tu tá fazendo?

X - onde A fez.

Y - porra, mega constrangedor. já fizeste quantas?

X - Uma! e vou te contar, já caiu  metade. fica igual iluminação de arraial, mas presta. to esperando ansiosamente pela segunda.

Y - hahahahahahah como é?

X - é gelado, depois dá uma picadinha de nada (ok, mentira), dor nível 7,5 e vai pra outro pedacinho. tô fazendo em três lugares (não me pergunta quais). fica com cheiro de queimado depois.

Y - Vale?

X - Foi o melhor investimento que já fiz na vida, o resultado é mara.

Y - Pow, já quero.

X - tinha muita alergia e ficava horroroso.

Y - as vezes da vontade de deixar essa merda crescer toda e fazer trança.

X- já deixei uma vez hehehheheahhaahhahahaakkkkkkkkkkkkkkk

Y - hahahahahahahahaah

X - mas não dá pra fazer trança... ¬¬

Y - mas tu usava camiseta? tô há uma semana sem usar! kkkkkkkk

X - ah, não! tô falando da bichinha...

Y - ahhhh kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

X - tem que deixar crescer no processo, é um saco! só uso mangona... 

Y - Cláudia Ohana...

X - é feião... massss, to gostando! depois de um tempo cai! juro! impressionante.

Y - vou parar de comprar livro!!! tá decidido!!!!

X - tava pensando outro dia, já pensou se me convidam pra um passeio naturista... e a galera é meio roots! que eu faço?!

Y - ahahahahahahhhahahaaha tu tá fudida.


sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

sexta feira ingrata


Se você acha que precisa de umas aulas de educação financeira pra fazer aquele milagre com a sua bolsa do CNPq... é sinal que o livro do gustavo cerbasi que você comprou na promoção da Valer ainda não foi lido... 




Saiba que você pode ser criativo, autêntico e descolado na lisura:

Vá assistir aquele documentário que a sua pós-graduação está promovendo. Isso é o mais próximo de uma sala de cinema que o seu bolso pode lhe proporcionar esses dias... 

Aproveite e chame os amigos como se fosse uma balada imperdível, a frustração que eles, porventura, virão a ter com essas programações estranhas que você propõe, será sempre menor que o seu amor por essas criaturas lindas.

Depois de assistir ao documentário, se informe sobre o que está rolando na cidade nessa sexta feira ingrata:

(   ) Tributo ao nirvana, Motorock , R$ 10,00;
(   ) Alaíde Negão, Muiraquitã, R$ 10,00;
( x ) Tucumanos e Gaby Amarantos, centro cultural povos da Amazônia, R$ 0800

Obviamente, seu bolso escolherá seu destino. para esta aventura, leve uma garrafinha de água e na primeira oportunidade, a mantenha cheia, um sanduíche ou uma fruta que estava dando sopa na sua casa (se der, leve para sua amiga, seja simpático com quem embarca nas suas barcas furadas) e quanto à cerveja...

Fique tranquila, sensualize que ela virá.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

jeito felindie

segure-se pra não cortar os pulsos.
essas músicas tem o poder de fazer um sentido absurdo com a sua vida amorosa...

pra você que acha, que já viu de tudo na vida: jeito felindie.
diga o que você sentiu ao ouvir: "cheia de manias"...  céus!








quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

chão de estrelas


Aos poucos, depois de se propor "experimentar a cidade de manaus" sem medidas, você acaba fazendo um mapa, melhor, uma cartografia dos lugares que você vai (re) visitar com maior frequência sabe? aqueles que vão ficar grudadinhos no seu coração.

Coloque na sua cartografia, o chão de estrelas. 

Tudo vai fazer você lembrar dos seus avós... jabá frito com farofa, caldinho de feijão, conserva de carne acebolada são os pontos altos da culinária de lá... fica localizado numa rua sem saída, com árvores, cerquinhas brancas, mesas pra você conversar infinitamente com os seus amigos e aquela casinha de madeira repleta de quinquilharias que faz você ficar horas observando cada uma delas...

De dentro da casa, vem a trilha sonora pra lá de selecionada: chico buarque, noel rosa, cartola (...) toda sorte de samba e chorinho interpretados por velhinhos que você vai amar de cara! Leve uns trocados a mais para comprar um CD... é muito amor gente. 


Depois de me derreter em elogios, não posso deixar de falar do propósito de um bar: o baré e a cerveja são geladíssimos. compensa. os preços das comidas são ótimos! caldinho R$ 3,00. segundo as informações do facebook, abre a partir das 17:00... fui na sexta, dizem que não abre aos sábados...  chato, mas ok. 

Parece difícil de chegar, mas não é, pergunte de qualquer amigo seu onde fica e ele vai te explicar... aproveite e convide-o, ninguém se nega a ir pra lá.

voltar sempre é o lema.

corra, não pare

tantas reflexões pra um dia tão curtinho,
não reclame da sua constante falta de tempo...

no fim das contas, só presta assim.



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

a aposta



adorava aniversários, pensava diiiiias no presente... a embalagem, os papéis picados, os docinhos espalhados, O PRESENTE, bilhetinhos de escrita duvidosa, uma sacanagem subentendida... mirabolantes, comestíveis, usáveis, irritantes... dependendo do meu estado, eu me divertia MUITO preparando-os, as vezes compensava a decepção da vítima. 

meus presentes eram sempre os favoritos... e eu sempre me exibia por tal talento.

mas nesse dia, no meio de julho, um dos presentes me intrigou. ele era o MEU favorito. 
ainda que o aniversariante não tenha dado muita bola. 

- quer levar? leva. achei estranho.

e levei pra casa. juro! eram duas folhas de A4 branco dobradas, 
não lembro agora se vinha junto com um livro velho... talvez. 

era um conto. quem dá de presente um conto minha gente?! 
duas folhas dobradas!!! que ódio!!!
porque eu não havia pensando nisso?
fiquei DIAS elogiando a genialidade daquele ser.


ele ficou tatuado na minha cabeça... caso te dê preguiça, leia nas férias.


A APOSTA, Anton Tchekhov.

Era uma noite escura de outono. O velho banqueiro me­dia a passadas o seu gabinete e recordava como, quinze anos atrás, no outono, dera uma festa. Nessa reunião estivera muita gente inteligente e houvera muitas conversas interessantes. Entre outros assuntos, falara-se da pena de morte. Os convidados, entre os quais havia não poucos sábios e jornalistas, na sua maioria tinham uma atitude negativa para com a pena de morte. Achavam esse método de punição obsoleto, impróprio para os Estados cristãos e imoral. A opinião de alguns deles era que a pena de morte deveria ser definitivamente abolida e substituída pela prisão perpétua.


— Não estou de acordo — disse o banqueiro, dono da casa. — Nunca experimentei nem a pena de morte nem a prisão perpétua, mas, se é possível julgar a priori, a minha opinião é que a pena de morte é mais moral e mais humana do que a prisão. A execução mata duma vez, ao passo que a prisão perpétua mata aos poucos. Que carrasco é, pois, mais humano — aquele que mata de repente ou o que arranca a vida no decorrer de muitos anos?



— Tanto uma coisa como outra são igualmente imorais — observou um dos convidados —, porque ambas têm a mesma finalidade — tirar a vida. O Estado não é Deus. Não tem o direito de tirar aquilo que não pode devolver, se quiser.



Entre os convidados estava um jurista, jovem de uns vinte e cinco anos. Quando lhe perguntaram a sua opinião, ele disse:



— Tanto a pena de morte como a prisão perpétua são igualmente imorais, mas, se me oferecessem a escolha entre a morte e a prisão perpétua, eu certamente escolheria a segunda. Viver de qualquer maneira é melhor do que não viver de todo.



Começou uma discussão animada. O banqueiro, que era então mais jovem e mais nervoso, súbito ficou fora de si, deu um murro na mesa e gritou para o jovem advogado:



— Não é verdade! Aposto dois mi­lhões que o senhor não aguentaria nu­ma cadeia nem cinco anos.



— Se o senhor fala sério — respondeu-lhe o advogado —, eu aposto que posso aguentar a prisão não por cinco, mas por quinze anos!



— Quinze? Aceito! — gritou o banqueiro. — Senho¬res, eu ponho na mesa dois milhões!



— De acordo! O senhor põe dois milhões, e eu, a minha liberdade! — disse o jurista.



E essa aposta selvagem e insensata realizou-se! O banqueiro, que naquele tempo não tinha conta dos seus milhões, mimado e leviano, estava encantado com a aposta. Durante a ceia, ele pilheriava com o jurista e dizia:



— Caia em si, jovem, enquanto ainda não é tarde. Para mim, dois milhões são uma ninharia, mas o senhor se arrisca a perder três ou quatro dos melhores anos de sua vida. Eu digo três ou quatro, porque o senhor não aguentará mais do que isso. Não esqueça tampouco, infeliz, que a prisão voluntária é muito mais penosa do que a compulsória. O pensamento de que, a cada momento, o senhor pode sair para a liberdade vai lhe envenenar toda a existência na prisão. Eu tenho pena do senhor!



E, agora, o banqueiro, andando dum lado para outro, recordava tudo isso e se perguntava:



— Para que foi essa aposta? Qual era o proveito disso? O jurista perdeu quinze anos de sua vida, e eu jogo fora dois milhões? Será que isso poderá provar aos outros que a pena de morte é pior ou melhor que a prisão perpétua? Não e não — é tolice e insensatez. De minha parte, isso foi um capricho de homem enfastiado, e, da parte do jurista, nada mais que avidez de dinheiro...



E ele continuou recordando o que aconteceu depois da famosa noitada. Ficou resolvido que o advogado passaria a sua reclusão, sob a mais severa vigilância, numa das alas construídas no jardim do banqueiro. Combinou-se que, no decorrer de quinze anos, ele ficaria privado do direito de atravessar a soleira da sua ala, de ver gente, ouvir vozes humanas e receber cartas e jornais. Permitiu-se que ele possuísse um instrumento musical, lesse livros, escrevesse cartas, tomasse vinho e fumasse. Pelo trato, suas co­municações com o mundo exterior poderiam ser apenas mudas, através de uma janelinha especialmente construída para esse fim. Tudo aquilo de que precisasse, livros, notas musicais, vinho e o resto, ele receberia, por intermédio de bilhetes, em qualquer quantidade, mas somente pela janelinha. O contrato previa todos os detalhes e minúcias, que faziam a reclusão rigorosamente solitária, e obrigava o advogado à permanência de quinze anos exatos, das doze horas de 14 de novembro de 1870 até às doze horas de 14 de novembro de 1885. A menor tentativa, da parte do jurista, de quebrar qualquer das condições, ainda que dois minutos antes do término do prazo, libertava o banqueiro da obrigação de pagar-lhe os dois milhões.



Durante o primeiro ano o jurista, conforme se podia julgar pelos seus lacônicos bilhetes, sofreu muito da solidão e do tédio. Da sua ala, constantemente, dia e noite, ouviam-se os sons do piano. Ele recusou o vinho e o tabaco. O vinho, escrevia ele, excita os desejos, e os desejos são os primeiros inimigos do prisioneiro; além disso, não existe nada mais aborrecido do que tomar bom vinho sem ver ninguém. Quanto ao tabaco, poluía o ar do seu quarto. No primeiro ano, mandaram-lhe livros, de preferência de conteúdo leve: romances com complicadas intrigas amorosas, contos policiais e fantásticos, comédias, etc.



No segundo ano, a música silenciou na ala, e o jurista, nos seus bilhetes, exigia somente os clássicos. No quinto ano, novamente ouviu-se música, e o prisioneiro pediu vinho. Aqueles que o observavam através da janelinha diziam que todo esse ano ele só comia, bebia e ficava deitado na cama, bocejava muito e falava consigo mesmo, em tom irado. Não lia livros. Às vezes, durante a noite, ele se punha a escrever, escrevia longamente e, pela madrugada, rasgava em pedaços tudo o que escrevera. Mais de uma vez ouviram-no chorar.



No sexto ano de reclusão, o prisioneiro dedicou-se com afinco ao estudo de línguas, filosofia e história. Ele se entregou a esses estudos com tamanha avidez, que o banqueiro mal tinha tempo de fazer vir os livros necessários. No decorrer de quatro anos, por exigência do prisioneiro, foram importados cerca de seiscentos volumes. No período dessa paixão, o banqueiro recebeu, entre outras, esta carta:



“Meu caro carcereiro! Escrevo-lhe estas linhas em seis idiomas. Mostre-as a pessoas competentes, para que as leiam. Se não encontrarem nem um erro, peço-lhe encarecidamente que mande dar um tiro de espingarda no jardim. Esse tiro me informará que os meus esforços não foram vãos. Os gênios de todos os séculos e países falam línguas diversas, mas em todos eles arde a mesma chama. Oh, se soubesse que inefável felicidade experimenta hoje a minha alma porque agora eu os posso compreender!” O desejo do prisioneiro foi atendido. O banqueiro mandou dar dois tiros de espingarda no jardim.



Mais tarde, depois do décimo ano, o jurista ficou sentado, imóvel, à mesa, e lia somente o Evangelho. Parecia estranho ao banqueiro que um homem que assimilara em quatro anos seiscentos tomos eruditos gastasse um ano inteiro na leitura de um único livro, de fácil compreensão e pouca espessura. Depois do Evangelho, vieram a história das religiões e a teologia.



Nos últimos dois anos de reclusão, o encarcerado leu em quantidade enorme, sem nenhum critério. Ora ele se ocupava de ciências naturais, ora exigia Byron ou Shakespeare. Havia bilhetes seus em que pedia que lhe mandassem simultaneamente uma obra de química, um compêndio de medicina, um romance e um tratado de filosofia ou de teologia. Suas leituras semelhavam algo como se ele, boiando no mar entre os destroços de um navio naufragado e querendo salvar sua vida, se agarrasse convulsivamente ora a um destroço, ora a outro!


II


O velho banqueiro relembrava tudo isso e pensava:



“Amanhã às doze horas ele recuperará a liberdade. Pelo contrato, eu terei de lhe pagar dois milhões. Se eu pagar, tudo estará perdido — eu estarei definitivamente arruinado”.



Quinze anos atrás ele não tinha conta dos seus milhões, mas agora tinha medo de se perguntar o que tinha mais: dinheiro ou dívidas? Jogadas imprudentes na Bolsa, especulações arriscadas e a impulsividade, da qual ele não conseguira se libertar nem mesmo na velhice, pouco a pouco minaram os seus negócios, e o ricaço orgulhoso, destemido e autossuficiente transformou-se num banqueiro de categoria mediana, que tremia a cada alta ou baixa das ações.



— Maldita aposta — balbuciava o velho, apertando cabeça, em desespero.    Por que esse homem não morreu? Ainda está com quarenta anos apenas. Ele me tirará os últimos recursos, casar-se-á, gozará a vida, jogará na Bolsa, e eu, como um mendigo, ficarei a olhá-lo com inveja e a ouvir dele, todos os dias, a mesma frase: “Eu lhe devo toda a felicidade da minha vida, permita-me que o ajude!” Não, isso é demais! A minha única salvação da bancarrota e da vergonha é a morte desse homem!



Soaram as três horas. O banqueiro ficou atento: na casa todos dormiam e só se ouvia, atrás das janelas, o farfalhar das árvores friorentas. Procurando não fazer nenhum ruído, ele tirou do cofre-forte a chave da porta que não fora aberta durante quinze anos, vestiu o capote e saiu da casa.



O jardim estava escuro e frio. Chovia. Um vento áspero e gelado uivava no jardim e não dava sossego às árvores. O banqueiro forçava a vista, mas não conseguia distinguir nem a terra, nem as alvas estátuas, nem a ala, nem as árvores. Aproximando-se do lugar onde ficava a ala, ele chamou o guarda por duas vezes. Não houve resposta. Decerto, o guarda se abrigara do mau tem­po e agora dormia em algum canto da cozinha ou do caramanchão.



“Se eu tiver coragem suficiente para executar o meu plano”, pensou o velho, “as primeiras suspeitas recairão sobre o guarda.”



Ele encontrou, tateando no escuro, os degraus e a porta, e entrou no vestíbulo da ala; depois, tateando sempre, entrou no pequeno corredor e acendeu um fósforo. Ali não se via vivalma. Havia uma cama sem colchão e, num canto, a mancha escura de uma estufa de ferro. Os lacres da porta que dava para o quarto do prisioneiro estavam intactos.



Quando o fósforo se apagou, o velho, tremendo de emoção, espiou pela janelinha.



No quarto do prisioneiro ardia a chama baça de uma vela. Ele mesmo estava sentado diante da mesa. Só se viam as suas costas, os cabelos e as mãos, Sobre a mesa, nas duas poltronas e no tapete junto à mesa, espalhavam-se livros abertos.



Cinco minutos transcorreram sem que o prisioneiro se mexesse uma só vez... Quinze anos de reclusão tinham-no ensinado a permanecer perfeitamente imóvel. O banqueiro bateu na janelinha, e o prisioneiro não respondeu às batidas com um movimento que fosse. Então o banqueiro arrancou, com cuidado, os lacres da porta e introduziu a chave no buraco da fechadura. A fechadura enferrujada emitiu um som rouco e a porta rangeu. O banqueiro esperava que imediatamente se ouvisse uma interjeição de espanto e passos, mas transcorreram uns três minutos e atrás da porta tudo continuava silencioso como antes. Ele decidiu-se a penetrar no quarto.



Diante da mesa estava sentado um homem que não se parecia com os homens comuns. Era um esqueleto coberto de pele, com longos cachos femininos e barba hirsuta. Sua tez era amarela, com matizes terrosos, as faces encovadas, as costas longas e estreitas, e a mão que sustentava a cabeça descabelada era tão fina e magra que dava arrepios olhar para ela. Nos seus cabelos já brilhavam fios de prata e, olhando o seu rosto encovado de velho, ninguém acreditaria que ele tinha apenas quarenta anos. Ele dormia... Diante da sua cabeça inclinada, na mesa, estava uma folha de papel, na qual estava escrita alguma coisa em letra miúda.



“Homem lamentável!”, pensou o banqueiro. “Dorme e, decerto, sonha com os seus milhões! E, no entanto, basta que eu segure esse semimorto, atire-o na cama, abafe-o de leve com o travesseiro, e a mais minuciosa diligência policial não encontrará sinal algum de morte violenta. Mas leia¬mos primeiro o que ele escreveu aí...”



O banqueiro apanhou o papel da mesa e leu o seguinte:



“Amanhã às doze horas eu receberei a liberdade e o direito de comunicação com os meus semelhantes. Mas, antes de deixar este quarto e rever o sol, julgo necessário dizer-vos algumas palavras. Em sã consciência e diante de Deus, que me vê, eu vos declaro que desprezo a liberdade, a vida, a saúde, e tudo aquilo que nos vossos livros é chamado de bens da vida”.



“Durante quinze anos estudei atentamente a vida terrena. É verdade que eu não via a terra e os homens, mas, nos vossos livros, sorvia vinhos aromáticos, entoava canções, caçava nos bosques cervos e porcos selvagens, amava mulheres... Beldades, leves como nuvens, criadas pela magia dos vossos poetas geniais, visitavam-me de noite e me sussurravam contos encantados que embriagavam a minha mente. Nos vossos livros, eu escalava cumes do Elbruz e do monte Branco e via de lá como nascia o sol de madrugada e, ao anoitecer, como ele inundava o firmamento, o oceano e os cumes das montanhas de ouro rubro; eu via de lá os relâmpagos fendendo as nuvens por cima da minha cabeça; eu via os campos verdejantes, os rios, os lagos, as cidades, ouvia o canto das sereias e a música das flautas dos pastores, sentia as asas de formosos demônios que vinham conversar comigo a respeito de Deus... Nos vossos livros, eu mergulhava em abismos sem fundo, fazia milagres, matava, queimava cidades, pregava novas religiões, conquistava reinos inteiros...”



“Os vossos livros deram-me sabedoria. Tudo aquilo que a infatigável mente humana criou durante séculos está comprimido no meu cérebro num pequeno novelo. Eu sei que sou mais sábio do que todos vós. E eu desprezo os vossos livros, desprezo todos os bens terrenos e a sabedoria. Tudo é mesquinho, perecível, espectral e ilusório, como a miragem. Podeis ser orgulhosos, sábios e belos, mas a morte vos apagará da face da terra, assim como às ratazanas, e a vossa descendência, a vossa história, a imortalidade dos vossos heróis serão congelados ou queimados junto com o globo terrestre.”



“Vós enlouquecestes e tomastes o caminho errado. Tomais a mentira pela verdade e a deformidade pela beleza. Vós ficaríeis admirados se, em consequência de circunstân¬cias imprevistas, nascessem, nas macieiras e laranjeiras, em vez de maçãs e laranjas, sapos e lagartixas, ou se as rosas de repente começassem a exalar odores de cavalo suado. Assim eu me admiro de vós, que trocastes o céu pela terra. Não vos quero compreender.”



“Para demonstrar-vos na prática o meu desprezo para com tudo o que é a vossa vida, renuncio aos dois milhões com os quais sonhei em outros tempos como se fossem o paraíso que hoje eu desdenho. Para me privar do direito a eles, sairei daqui cinco horas antes do prazo combinado e, desse modo, quebrarei o trato...”



Tendo lido isso, o banqueiro repôs a folha na mesa, beijou a cabeça do estranho homem e, chorando, saiu da ala. Nunca antes, em tempo algum, mesmo após uma perda pesada na Bolsa, ele sentira por si mesmo um desprezo tamanho, como naquele momento. Chegando em casa, ele se deitou na cama, mas a emoção e as lágrimas não o deixaram adormecer...



No dia seguinte de manhã os guardas vieram correndo, pálidos, e lhe comunicaram que tinham visto o homem que vivia na ala se esgueirar pela janela para o jardim, dirigir-se para o portão e desaparecer. O banqueiro dirigiu-se imediatamente para a ala e, diante dos criados, constatou a fuga do seu prisioneiro. Para não dar azo a comentários supérfluos, tirou da mesa o papel com a renúncia e, voltando para o seu gabinete, trancou-o no cofre-forte.



Conto publicado no livro “O Malfeitor e Outros Contos da Velha Rússia”, de Anton Tchekhov, editora Ediouro. Tradução de Tatiana Belinky.





mutatis mutandis



domingo, 20 de janeiro de 2013

saia do cativeiro


Assim que fizer algo árduo (provas de fim de semestre ou ao menos uma questão), se condicione a receber regalias de você mesmo, tal qual um boto de anavilhanas que atende aos interesses de turistas trouxas como você. se permita descansar, fazer um passeio, comer um peixe num lugar semi caro e gostoso ou faça uma mini viagem. 

Nunca esqueça, que você mora na região mais cobiçada e linda do planeta! turistas do universo inteiro pagam uma fortuna pra desfrutar do que você pode fazer pegando um ônibus/voadeira/recreio... se permita sair de casa com os amigos.




Aproveite a trégua das chuvas, arrume uma bolsa com PROTETOR SOLAR, biquíni (o branco ainda não), algumas frutas  e alguns dinheiros. poucos. vá à marina do davi (depois da ponta negra) antes das 8:00 (se conseguir, não seja rígido com você num domingo) pegue uma voadeira de R$ 5,00 e chegue a praia da lua ou ao museu do seringal. é super perto, vinte minutos no máximo.

Indo ao museu, você não será só um corpo descansado, bronzeado e sedutor... e sim uma expert em amazônha. cultue o corpo e a mente sem pudores. 

Seus amigos, além de lindos, são fotógrafos também! não se intimide, leve seu celular e bote pra fora tudo que você aprendeu naquela oficina de algumas horas no icbeu nesse aparelhinho fantástico. só não o esqueça no carro.

"MANAUS – O Centro Cultural Palácio da Justiça está com a exposição “Planopanoramanaus”, de autoria do fotógrafo Jimmy Cristhian em cartaz. A mostra é composta por 21 fotografias panorâmicas feitas através de celular (180º graus) que destacam os diversos pontos turísticos e históricos da cidade de Manaus." (fonte: portal amazônia.com)

Nunca menospreze seu equipamento.




Depois desse dia lindo, faça o social com a família comprando dois tambaquis por R$ 50,00 (aquelas pessoas fofas e simpáticas da voadeira te ajudaram a pechinchar!) dos pescadores  da beira, volte pra casa, finalize aquele maldito trabalho com a sua amiga e termine de ler o roberto cardoso de oliveira... ambos são para amanhã!


sábado, 19 de janeiro de 2013

no surprises

Hoje vai um salve especial pra esses colchonetes do carrefour. os de casal, custam R$ 22,90, os de solteiro, custam R$13,90 e você pode fazer em até 12x de R$ 1,91. 

Quando você era criança, dormir na casa de um amiguinho era um evento! pijamas, remédios,  recomendações, lanchinhos, brinquedos... conversas com os pais e etc. 

Na casa do namorado também era um evento! ê delícia!

Dessa vez não, dormir na casa de alguém, nunca será um evento, vai fazer parte do seu cotidiano. não, eu não estou falando de promiscuidade, eu tô falando de exercitar a humildade.  veja bem, NINGUÉM, que te conhece minimamente, vai negar 0,88 x 1,88 m de espaço da sua casa num período de algumas horas. é só o que você precisa. 

Você não está propagando um discurso moralista, isso tem a ver com humildade e dor no bolso. aos desavisados:

As mudanças que tornam as punições de trânsito ainda mais rigorosas entraram em vigor ontem. Agora, as pessoas que forem flagradas conduzindo veículo automotivo, sob efeito de bebida alcoólica, sofrerão multas com valor dobrado. A quantia salta de R$ 957,69 para R$ 1.915,38. E, se houver reincidência no período de um ano, a multa dobra novamente e vai a R$ 3,9 mil.
As medidas fazem parte de um projeto de lei que foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff e publicado ontem no Diário Oficial da União. As mudanças alteram os artigos 165, 262, 276, 277 e 306 da Lei nº 9.503, de 23 de setembro de 1997, que institui o Código de Trânsito Brasileiro. (dezembro-2012)
Com essa quantia, você pode ir à margarita com as amigas, cuba, chile, pra praia de algodoal, comer gostoso por diversos dias... passear no nordeste, comer camarão frito, interar pra pagar o seu intercâmbio, além de pagar cerveja pros amigos! claro.

Nunca esqueça das outras possibilidades.

Vamos à prática: 

Acostume-se a ter um colchonete na mala do carro, não custa nada. Sempre que você der carona a um amigo, durma na casa dele, seja quem for. Além de exercitar a humildade, fortalece a amizade. Não esqueça de avisar à quem te ama, que você vai dormir fora e que está bem, um sms resolve, ninguém quer ser acordado às quatro da manhã. 

Caso alguém se oponha à essa sua vida cigana, diga você poderia morrer no caminho. aquele silêncio vai te ajudar.

Você não precisa mais ter medo do escuro, quando chegava sozinha na garagem da sua casa de madrugada... baratas, gatos, bichos visagentos, latidos de cachorro, você não precisa mais lidar com nada disso. 

a "regra" é simples, você precisa só de algumas horas pra descansar o corpo e eliminar o resto de álcool que ainda te resta no sangue. faça rodízio com os amigos pra eles não enjoarem da sua cara... mas não se preocupe, isso não vai acontecer, eles te amam. 




sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

porão do alemão



Pegue todos os corações amargurados e sofridos e junte num só lugar: bem vindo ao porão.

se você tiver dúvidas com quem ir à este lugar, fique amigo dos garçons, eles sempre estarão por lá. nada será desculpa.

Evite os destilados (você não quer ficar bêbada na primeira meia hora) e vá no chopp, sem sal e limão. depois de evitar o veneno do açúcar  não vá se acabar no sal. seu organismo agradece. Evite ficar MUITO (pouco pode) bêbado nesse lugar, não esqueça que um coração sofrido e amargurado é capaz de fazer loucuras com muita quantidade de álcool. respeite a pessoa que te deu carona e não vomite no carro.

Coisas que podem acontecer se você perder a dignidade nas primeiras horas:

1. subir no palco;
2. subir no palco e dançar sensualmente;
3. subir no palco, dançar sensualmente e tirar a roupa (cuidado), você não está entre naturistas;
4. vomitar no banheiro, não faça isso com aquela senhora simpática que fica lá dentro te cumprimentando toda vez que você vai arrumar o cabelo e, esporadicamente, fazer xixi;
5. vomitar no carinha que tá te dando mole;
6. subir na bancada, tomar mariana (aquela bebidinha que tem fogo) e levar uma chacoalhada na cabeça;
(...) o céu é o limite e... você tem toda uma vida digna e plena pós porão, não esqueça.

ainda que possa parecer divertido, lembre-se daquela máxima: "cu de bebo não tem dono", repita tal qual um mantra, ela guiará a quantidade de álcool que você vai ingerir.

já com o etanol no sangue, ouvindo aquelas músicas da sua pseudo adolescência rebelde, você terá uma sensação incrível, cante junto e assista aqueles clipes da mtv projetados no telão, que te acompanharam durante muito tempo na época em que você ficava esparramado no sofá depois do colégio. 

Se o IBGE resolvesse fazer uma pesquisa neste recinto, perceberia que 95% daquela população, são de outros estados... ou dizem que são. ser amazonense não te dá status. Se alguém disser: "você não parece ser daqui", não encare como elogio, é óbvio que o cara é um babaca e não merece a sua atenção. se for milico, fuja.


COTIDIANO DO PORÃO POÉTICO:


ELE DISSE QUE ERA PAULISTA

ELA FALOU QUE ERA FIEL

DE MANHÃ ELE VOLTOU PRO PARÁ

ELA FICOU DORMINDO NO MOTEL

(fonte: porão do alemão da depressão)



Após ouvir um barulho de sirene, não se assuste, não corra para a porta de emergência, é o prelúdio de um hino daquele lugar:



Toxicity - System of a down

aerials e chop suey, tem o mesmo efeito. você vai presenciar um coral de várias línguas, menos inglês. não importa, siga o fluxo, preste atenção na fonética e arrase!

Logo depois de ouvir a música mais afrodisíaca do porão, pode acontecer de rolar o seu primeiro beijo neste ambiente... agora climatizado E com área de fumante separada (YES!) só você sabe como era difícil disfarçar aquela catinga de cigarro que ficava no seu cabelo:



concomitantemente, poderão ocorrer diálogos deste naipe:

fonte: porão do alemão da depressão.


Desde 1998, este lugar se mantem funcionando como o mais eficiente centro cardiológico de Manaus, não cuspa no prato que você já comeu. e não foi pouco.

IMPORTANTE: não confie em ninguém que diz não gostar do porão. é lá que você se sente bonita, interessante, atraente... decadente e feliz.


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