sábado, 26 de janeiro de 2013

muiraquitã




Conforme o livro Macunaima (outro que você já deveria ter lido, veja o filme ontem) as mulheres guerreiras que habitavam o baixo Amazonas, ofertavam o muiraquitã aos índios da tribo mais próxima, depois do acasalamento. A mística do presente oferecido aos índios visava a encorajar a fidelidade a elas e para que, ao exibirem-no, fossem respeitados, pois presentear um índio com um muiraquitã representava o ato sexual consumado entre uma Icamiaba e um índio. As icamiabas compunham uma sociedade rigorosamente matriarcal e se dessa união nascessem filhos masculinos, estes seriam sacrificados, deixando sobreviver somente os de sexo feminino. (wiki)

O grande clichê tradição manauara é você presentear ou carregar consigo um colar com este sapinho encantando no pescoço, "os mino pira", afinal, estamos falando de um ritual de acasalamento. Um outro aspecto desse "mito" pra lá de vivo, é a quantidade de tatuagens deste cururu verde nos corpos desta região, sensualizando geral. 

Pensando nesta perereca, carregada de todo poder simbólico... sucesso de público e crítica, é que um grupo de amigos de origem não-manauara-pesquisadores-do-inpa-infelizes-com-a-cidade, resolveram alugar um terreno baldio nas proximidades do coroado pra tomar cerveja e curtir uma paz amazônica, digo, para se manifestarem culturalmente exaltando a diversidade do recife (hã?) com um delicioso maracatu envolvente.


    Nação Zumbi, meu maracatu pesa uma tonelada.


Lá, você percebe que todo o seu guarda roupa combina com aquele lugar: vestidos floridos, saias rodadas, cabelos soltos e emaranhados, acessórios artesanais... aproveite pra  desentocar aquele seu maxi colar indígena lindo e brilhe neste evento, não vá com o muiraquitã, você seria acusado de metalinguagem.

O banho é opcional, no entanto, o clima/energia de paz e harmonia é unânime, se você não tiver um ex-namorado rondando por lá, nem aquele professor que te sacaneou naquela disciplina... é felicidade na certa! 

5 comentários:

  1. Olá Natasha. A idéia de criar o Muiraquitã não tem nada a ver com estarmos infelizes com a cidade, o espaço foi criado para agregar, somar, divertir. Como vc disse que a maioria dos pesquisadores-infelizes com a cidade (hã?) criaram um espaço onde o banho é opcional (hã?) eu discordo completamente, e, acho que se caiu no gosto dos amazonenses deve ser pq é um lugar onde as pessoas podem ir sem pensar em roupas e sapatos...enfim, o movimento é livre. Recife também não tem nada a ver com o Muiraquitã, a não ser pelo fato de oferecermos uma oficina gratuita para todas as pessoas que sentirem vontade de participar do Macaratu. Att,

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    1. Olá possível pessoa jurídica "espaço cultural muiraquitã",

      não leve tão a sério o que um desenho de uma garota com cabelo verde escreve num blog, se você tiver o interesse de ler os outros textos, perceberá que não tenho pretensões de ser um "guia VEJA manaus - os melhores restaurantes, bares..."

      aqui, além de ser um espaço pra humor (eu tento), o blog tem funções terapêuticas.
      sofro dores crônicas e profundas no coração, que melhoram paulatinamente com a escrita.

      muito me enobrece, saber que o meu ruído no infinito da internet, tenha galgado aos seus ouvidos, melhor, aos seus olhos.

      vamos ao que interessa:

      de forma ácida (ou agridoce), descrevi o muiraquitã, como um reduto do movimento hippie da década de 60 e grosseiramente, associei aos frequentadores do muiraquitã aos saudosos hipongas... inclusive eu, diga-se de passagem. pois é um jeito/estilo que eu e meus amigos gostamos de nos vestir, sem tantas preocupações com "roupas e sapatos", no entanto, por ter lido alguns textos sobre estilo de vida (...), em antropologia... há controvérsias... mas não entrarei no mérito.

      continuemos.

      a piada (veja bem, piada) sobre o "banho" surge daí. o fato de existir a oficina do maracatu, foi um outro gancho de fazer graça, e em nenhum momento discordo da alegria que o ritmo/movimento "maracatu eco da sapopema" deve proporcionar aos que nele ingressam. tenho amigas que já foram porta estandarte (é isso?) de vcs.

      aos meus queridos amigos pesquisadores do inpa, tive um relacionamento bem estreito, uns felizes, outros nem tanto. trabalhei durante muito tempo, na minha graduação, com pesquisadores de diversas áreas numa reserva de desenvolvimento sustentável (SDS) com meus professores que na época, eram sociólogos. você não imagina as atrocidades que eu ouvia dessas pessoas (os pesquisadores do INPA) sobre a cidade de manaus... e nem queira saber o conteúdo de coisas que eram ditas sobre as mulheres amazonenses... sempre fui muito mansa e apenas ouvia, até porque, achavam que eu era "de fora" e "não tinham pena". à época, a minha estratégia, foi me manter em silêncio. e procurava entender porque essas pessoas pensavam dessa forma.

      não guardo rancores, como eu disse, o blog aqui é pra me divertir. SÓ.

      acho até que escrevi demais... mas tenho gostado disso. fico feliz que esses tais pesquisadores (de cinco anos atrás) tenham mudado, como você diz.
      e que agora, são felizes na cidade. rs.

      pra mim, manaus está muito aquém do que eu gostaria do que ela fosse, sei que o fato de ser amazonense, não me dá respaldo de ser uma conhecedora profunda da cidade. mas sei perceber hostilidade e preconceito de longe.
      fico feliz de saber que as coisas estão mudando.

      obrigada por ter lido o blog e mais uma vez, não leve tão a sério, o texto tá leve.
      só fiz uma brincadeira. acho que o desabafo veio agora.

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  2. Natasha, minha cara... Não esperava você pegar tão leve com o muiraquitã, ao passo que é muito mais ácida com os outros espaços de Manaus rs... Particularmente, não tenho muita afeição por aquela galera do Inpa que, só por que resolveu morar na amazônia, precisa se fantasiar de Indiana Jones; quando não, vão de Tarzan ou Chita mesmo... É claro que uma atitude deliberada como essa não passa de um devaneio eurocêntrico, infelizmente. Se a MTV criou os Punks de boutique, o Muiraquitã - mais muito antes o Inpa -, criaram os canibais selvagens de boutique... Bem, mas não vamos menosprezar totalmente o lugar, uma vez fui assistir a banda de um colega meu ali, fiquei muito feliz que tenham cedido o espaço. Entretanto, não me senti muito confortável... Gosto de diversidade e aquilo ali parece um gueto, todo mundo é muito parecido, até na profissão... Pra mim, não rola... Até gosto muito de biologia, mas não dá...

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  3. Discordo em parte do texto, creio que nem todo mundo do Inpa seja infeliz, geralmente estão infelizes de estar em Manaus ou com a vida Cultural da cidade que deixa a desejar...E o espaço que na verdade já existe desde dos anos 80 na verdade não é um terreno baldio etc.
    Concordo plenamente que muita gente que frequenta esse espaço se acha demais, por ser de fora, quando na verdade se acham originais estão só repetindo o que existe, e acaba segregando e se tornando meio forçado demais...
    As vezes querer ser diferente demais nos torna parecido demais, e bem como querer ser a cereja do bolo não é assim...Uma vez ia ficando com uma menina lá, ela veio me perguntar de onde eu era...Como um pré requisito para ela fazer o que na verdade ela queria, que era não ficar solteira, só, sozinha e na saudade.
    Tirando esses lances que rolam e é fato....é bom lugar levando em conta o custo e benefício, vim de colégio militar, e convivi com gente do Brasil inteiro e sempre notei esse bairrismos, nada demais...Quando no fundo, fundo estamos no mesmo barco...
    Engraçado o Muiraquitã em pessoa vir responder a um texto, parece que acendeu a fogueira das vaidade....Tranquilidade expor a opinião é um direito constitucional e nada mais racional, do que ter diferentes pontos de vistas...Como diria Caetano Veloso Abraçaço a todos.

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  4. em ritmo de frantz-fanon, chamarei este episódio de "a revolta dos nativos", com todo respeito gente. rs

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