terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Descobrindo os prazeres do vinil



- Será que esses biólogos ainda levam artistas pra fazer a pintura das florestinhas e bichinhos quando fazem trabalho de campo? tipo os amiguinhos de Humboldt?
- Claro que não! Se for um biólogo hipster, no máximo, leva uma Halma flex.




Muito bem, vamos aprender juntos sobre o que é o Hipster. Segundo uma amiga etnóloga, o hipster é quem "evoluiu" do hippie e está muito satisfeito com a "evolução" hahahahahah. Fazendo uma pesquisa preguiçosa no google, morri de rir das definições que encontrei, mas tô sem saco de escrever de maneira dicionaresca . Em poucas palavras, trata-se de uma maneira de se expressar no mundo através de um saudosismo recorrente, digamos assim. rs Isso inclui aversão à smartphone ou whatsapp

Os lumberjack ou lumbersexual, segundo fontes seguríssimas, entram nesta categoria.




É um mix de festa junina, lenhador, grunge, hells angels fit, nerso da capitinga gostosão, roupa do vovô, e, white... ao que parece. 

Aproveitando a onda, eu tô com uma coleção de vinil linda-maravilhosa neste inverno. Não vou mentir, sempre achei coisa de gente poser old school [hipster]. MAS, como tudo na vida muda, tenho percebido que o vinil permite a gente experimentar a música de uma forma diferente. 

Além daquele barulhinho maravilhoso de matinho queimando toda vez que começa alguma musiquinha, os saudosos LP's [long play] nos permitem ouvir um album todinho de modo que mergulhamos na vibe do artista que elaborou uma sequencia especialmente pra gente. E, diferente do meu amado youtube [não dá pra cuspir no prato], você não precisa se preocupar com as propagandas irritantes ou qual a outra música que vai escolher... acabou a ansiedade! Esse é o ponto! 

O LP foi feito pra você ouvir inteiro, como uma comidinha que  você come inteira, sem guardar pra amanhã. Essa referência foi péssima, pois é ótimo quando sobra pra guardar pra amanhã, obviamente :3

Ainda que seja a empolgação da novidade, sinto que o som do LP preenche a casa de um jeito diferente. É uma mini festinha diária, um evento, quando coloco qualquer album pra ouvir. Tô amando! Além de tudo, ele ainda pede pra trocar de lado... ai, ai, ai, fofura total!

Ahhh o fetiche da mercadoria! hahahahahaah

é lindo

<3

to cry you a song, jethro tull 







domingo, 4 de dezembro de 2016

movimento na pink line

Dia desses estava sentada em um dos vagões da pink line e percebi uma dança, bem ao meu lado.

Me pareceu dois conhecidos que não se viam algum tempo. Um deles sentava ao meu lado e o outro à sua frente, de modo que a conversa que já tinha sido iniciada antes deu chegar, se transformava num espetáculo bem diante da minha localização privilegiada, escolhida sem muito critério.

Sem querer, e depois querendo muito, reparei nos movimentos de braços, pernas e depois do corpo inteiro que ambos realizavam de maneira sincronizada. Enquanto um falava em diversos tons o outro ria, mexia as mãos levantava e baixava o corpo, a cabeça ia junto com a fala e o riso. Eram movimentos que nunca se repetiam.

Estava diante de uma dança!

A dança consistia em linguagem, em comunicação, isso era a base da afinidade musical que a voz de ambos, cheia de alegria e entusiasmo pela performance do outro, tinha. Não parecia amor, paixão ou amizade, é difícil encontrar uma palavra... talvez movimento. Sem muitas regras e com muita fluidez, isso era afinidade.

Afinidade me pareceu bem estar, relaxamento, alegria... quando encontramos nossos afins. Uma maneira de ser, falar, escutar e sentir em silêncio, na medida que se expressa com o corpo e a voz com este outro... quanto mistério!

Era um homem e uma mulher, arrisco que teriam sessenta ou setenta anos. Uma análise apressada poderia indicar que estavam indo em direção ao Cottage Grove. Meu olhar era atento, persistente... porém furtivo, não podia ser descoberta. Meu encantamento poderia parecer rude.

Fiquei hipnotizada por aqueles braços e pernas gigantes que mal cabiam no banquinho da pink line. Continuavam se movimentando freneticamente, ainda que outros corpos passassem no pequeno corredor que os dividia. Ambos estavam próximos às portas, podiam sair a qualquer momento... juntos ou separados: isso não era o mais importante. Fiquei tão absorvida pelo movimento das vozes e corpos alheios que levei um susto quando o ruído congelado, que tem como sina se repetir infinitas vezes naqueles vagões, disse alto e feroz: Damen.

Desci.

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