sábado, 23 de fevereiro de 2013

bota fora e raízes do brasil

ao ser convidada para uma cerimônia de (1) bota fora, (2) bota dentro ou (3) formatura de medicina, você vê a oportunidade batendo a sua porta de prestígio social instantâneo em forma de infinitas possibilidades matrimoniais (acasalamento não) através desse ínfimo convite.

em seguida você lembrará, também, dos seus primeiros livros comprados na graduação -  quando você planejava ingressar no instituto rio branco -  gastando aquela bolsa do PIBIC que você intercalava com comida e esmaltes coloridos.

já explico.

O cara sério do clã buarque escreveu em 1936 "raízes do brasil", o qual você já deveria ter lido tem tempo. não se confie no resumo mal feito da internet que te rendeu aquela conversa de boteco, no qual a única coisa que você conseguiu dizer ao meio de algumas frases cheias de firulas, é que o brasileiro é um homem cordial, sinalizando que você leu o livro inteirinho e entendeu.

chico, querendo tirar o brilho do seu pai com esses
"olhos de ressaca capitu" seduzindo tudo. 
esses garotos...

dentre os capítulos, você aprendeu com o pai do chico que o brasileiro tem uma inclinação às profissões liberais, em especial: medicina, advocacia e engenharia. esses foram os pilares da nossa formação baseada no anel (de formatura), no bacharelismo e no puxa-saquismo.

dito isso, aproximando ao exemplo, melhor, ao bota fora supracitado, note que garantir laços matrimoniais com um médico ou médica, te exime de qualquer preocupação futura, afinal você será ovacionada/legitimada, como a mulher (ou esposo) do médico para o resto da sua vida. e odiada por todas as demais recalcadas e incapazes de fisgar um doutor.

garanta já o seu prestígio instantâneo seduzindo para os mais babacas que você ver pela frente. não esqueça que você deve mostrar a todo custo que não é um ser de uma noite só, e sim perfeito-para-casar (se esforce), seu destino está em jogo. 

os que estiverem fardados de branco e malhados na academia, são os melhores. 


QUINO, Joaquín Salvador Lavado. Mafalda 7. São Paulo: Martins Fontes, p. 05

obs: estimadas exceções, se existirem, ignorem o blog e mantenham-se jedis.








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