domingo, 30 de junho de 2013

INHOTIM: uma praga adorável



No dia em que eu morrer, não quero rios de leite e mel, muito menos as várias virgens que Osama encontrou (se é que ele se foi), eu quero que o meu céu seja o Inhotim.

Desde sempre, seus amigos te zoam dizendo que você quer transformar a cidade no mundo dos teletubbies. De certa forma eles tem razão, mas com algumas ressalvas.


Poderia ser mais arborizado... esses montinhos de florzinha não convencem... eu estou falando de árvores com COPAS FRONDOSAS, estilo mangueira. Chega de desculpinhas esfarrapadas de "vai quebrar a calçada, sujar as ruas, danificar o fio", na atual conjuntura, até as coitadas são acusadas de vandalismo.

Depois despejo toda a minha amargura sobre Manaus e seu ódio pelas árvores e florestas... mas não hoje.

Burle Marx, suspiros, assim... é um cara pra casar!

Burle Marx: apele para a beleza interior.

Jardinagem e paisagismo correm nas suas veias... e digo mais! estudos científicos e legitimados pela torre de marfim comunidade acadêmica comprovaram que o meio ambiente interage com a gente. dica: cerque-se de coisas boas.

Longe de fazer com que minha fala faça parte de discursos do determinismo geográfico que estigmatizam até hoje minha cidade e a sua população (presente!), eu estou falando daquela frescura chamada bem estar.

INHOTIM: jardinagem, paisagismo e arte contemporânea...  pinto no lixo me define.

"O Instituto Inhotim foi idealizado pelo empresário Bernardo Paz (poooodre de rico) em meados da década de 1980. Em 1984, o local recebeu a visita do renomado paisagista Roberto Burle Marx, que apresentou algumas sugestões e colaborações para os jardins. Desde então, o projeto paisagístico cresceu e passou por várias modificações."

Bem que que o Eike Batista poderia parar de encher o saco e fazer vários Inhotins também... dá dinheiro minha gente!


Voltando ao Inhotim,






















É tudo tão incrível, tão impressionante, que eu achei por muitos momentos, que estava entre os Umpa Lumpas.



Depois de querer imitar todas aquelas combinações de plantas, de querer roubar uma espécie de cada e tentar planejar nos poucos metros quadrados do seu quintal todo inspirado no seu ídolo Burle Marx, você dá de cara com uma imagem que te faz refletir outras coisas:



Esse lugar é fake.

Ok, você sabia, aquelas obras faraônicas não brotaram do chão, mas o jardim te hipnotizou e você esqueceu rapidinho... sério.

Fiquei pensando na biodiversidade daquelas 100 ha (1.000.000 de m2) sonhados por Bernardo Paz... tem animais por ali? não vi. e os insetos? e toda aquela "biodinâmica" pré-existente... pra onde foi? daí você se dá conta que aquele lugar pode ter sido abusivamente/absurdamente violentado...  preocupei.

TUDO foi fabricado por alí, até o barulho da maria fumaça de Brumadinho, eu achei que era de mentira.

Tá certo que até a floresta amazônica não é intocada... aliás, este termo está em desuso faz tempo... os vestígios arqueológicos comprovam que todo aquele verdaral que você vê do avião, foi minuciosamente plantado por populações que você insiste em expulsar dalí para plantar soja e criar gado... não sou contra às intervenções, mas acho que os impactos devem ser avaliados com minúcia...

Inhotim é intrigante,
até hoje penso sobre esse lugar.

A saber: continuo vítima da praga, adorável, de Burle Marx.

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