terça-feira, 10 de dezembro de 2013

revolta, sexo, amor e costuras

Hoje começaremos o texto falando de uma personalidade importantíssima  do cenário Amazonense:

Manuel da Gama Lôbo d'Almada (17.. -1799). se você deu risinhos sacanas, você vai entender do que eu estou falando.

Num dia qualquer, munida de poucos reais e duas comadres para bater perna pelo centro de Manaus, vá obstinada na caça ao tecido-de-estampa-perfeita. vou explicar.

Desde o dia em que sua amiga prometeu fazer um roupinha para o seu computador, seus pensamentos foram povoados pela temática... e a única certeza que você tinha na vida é que seriam frutas.

uma delas, entendida no assunto, completou: vamos na rua lobo d'almada.

Essa rua é recheada de lojas de tecidos... e procurando informações  sobre esse geógrafo/militar (o lobinho), descobri que ele foi um dos responsáveis por levantar uma fábrica de panos de algodão e outra de tecidos e redes... com 18 teares e 10 rolos de fiar com 24 fusos cada um. tudo bem, eu não sei o que isso significa exatamente (teares e fusos), só sei que ele foi "o cara"da pseudo indústria têxtil no Amazonas... além da fabricação de cordas e amarras de piaçaba e calabares... 

Arrá! piaçaba eu sei o que é! inclusive, vale a leitura da dissertação premiada da querida Elieyd, (Lica) "os piaçabeiros do Médio Rio Negro: identidade étnica e conflitos territoriais". gente, isso é muito interessante, meu avô materno trabalhou com isso!

barco com piaçaba. heheheh


Só um resuminho pro trabalho não ser jogado ao vento:

... a dissertação de Elieyd Menezes apresenta um detalhamento do modo de vida das pessoas nos piaçabais (locais onde as fibras de piaçaba são extraídas na floresta) em Barcelos, interior do Amazonas. “É um universo que abrange intrínsecas relações de poder entre “patrão” (comerciantes que se dizem donos dos igarapés onde há palmeiras de piaçaba) e “freguês” (piaçabeiros)”, comenta Elieyd. A autora diz que o sistema de aviamento - baseado no adiantamento de mercadorias a crédito - é muito presente no município. “É um sistema historicamente conhecido na Amazônia, onde o comerciante (patrão) fornece mercadorias ao freguês (trabalhador extrativista), o qual deverá pagar por elas. Porém, os preços são altos, algumas vezes superfaturados e a dívida dificilmente é quitada porque sempre o trabalhador extrativista precisa desses produtos, como alimentos, roupas, lanternas, facões”, registra.

Voltando ao Lobinho, tô com a impressão que ele era super malvado depois dessa introdução da Elieyd, ele mandava buscar de outros lugares o algodão, a cana, curauá, muriti, cera virgem de abelhas (hã?), tucum dos rios Solimões e Negro (suspiros...) e a piaçaba... sabe se lá em quais condições isso acontecia. 

Mas então, não vou falar da piaçaba. foi só um link legal. 

Linda! 

O que o seu Lobo não esperava é que a sua rua ficasse conhecida por ter o estabelecimento mais generoso de Manaus: o remulos club. fazendo uma mini busca na internet, encontrei uma reclamação do João:

primeiramente tendo cerveja gelada e mulheres a disposição está otimo,só não leva 10 porque tem meninas que cobram muito caro e tem umas que só quer barão eu moro em são luis passei minhas ferias a cidade é 100000000 e gostei do remulos parabens manaus aconselho a todos a ir em manaus.


João parece coerente nas suas queixas, mas não entrarei no mérito por não ter conhecido o lugar, nem o João, nem as meninas. Entretanto, não posso deixar de parabenizá-las. Infelizmente, a casa mais carinhosa de Manaus, foi fechada pela Secretaria Municipal do Centro (SEMC) ???? e pela SEMINF pois funcionava como um motel ilegal. ¬¬

Mais uma vez, o Estado acabando com a felicidade alheia. fizeram o absurdo de construir um muro de alvenaria na frente! santa hipocrisia! só faltou o sal e a pá de cal...




Dica: nunca, jamais, desperdice a oportunidade de aprender alguma coisa... JAMAIS.

*

Então, nessa simbólica rua, mais próxima a sete de setembro, tem um zilhão (mentira) de lojas de tecidos: se jogue atrás da sua estampa perfeita.

Por estar vivendo um momento de obsessão pelo artista Paulo Nazareth, as escolhidas foram as bananas!



Paulo Nazareth (projeto)








Super na dúvida qual a melhor frase...

Deu pra entender a obsessão? rs mas não é só isso, essa frutinha é MUITO cobiçada na região norte, a pacovã então, nem se fala! Durante muito tempo me acompanhou no twitter e foi meu apelido até hoje, de infância: chorona, caía por tudo, vivia com hematomas, sem contar as "sementinhas"que decoram meu couro. "essa menina é uma banana", caia como uma luva. 

No entanto, o problema de idealizar um tecido ou qualquer coisa na vida, é que você passa a odiar tudo o que você vê. Nada é tão legal quanto o tecido que está criado na sua cabeça. você pensa em desenhá-lo, pintar sua própria estampa, pedir pela internet... qualquer coisa. 

Mas graças a falta de paciência das suas amigas bom senso e a vontade de cobrir minha máquina de escrever moderna o quanto antes, comprei um de laranja. até que gostei sabe?



as bananinhas ficam pra depois, não as esqueci.

Agora vamos à prática! simmmm você vai aprender a fazer uma capinha também. 

1. Vá direto na loja "Kamila", os tecidos são uma fofura, o problema são os preços. saia de lá o quanto antes, não vale a pena (não tinha as bananinhas);

2. Na sequência, vá na Tapajós... mas, não tinha NENHUMA estampa legal;

3. Rode mais um pouco e pare na "Nova Jersey". essa portinha desconhecida. não é tão farta de tecidos bonitinhos como a Kamila, mas se você garimpar, acha umas estampas legais com preço justo (pasmem: menos da metade que na Kamila). Não esqueça de comprar a linha que vai combinar (ou não) com o seu tecido. ahhhh tem o feltro. mas a Isa disse que tinha na sua casa. ótimo né?

tirei essa foto num domingo, por isso estava fechada.


essa foi a primeira etapa.

*

Já com as armas na mão, vá para a casa da sua amiga num domingo preguiçoso. 
chegando lá, você vai sentir um sono absurdo e inexplicável, causando constrangimento em todos que estão ali no recinto. aproveite e tire umas fotos da casa dela, se ela deixar, claro! você ainda tem um Pibic sobre decoração correndo nas suas veias! hahahahaah

casa da Isa 1: EU QUERO ESSE QUADRO!

Casa da Isa 2

casa da Isa 3: Laerte, fofura total! dá pra trocar as roupinhas!!! *.*

ah, uma dica importante: jamais saia da sua casa com fome ou sono. você pode virar um monstro do lago ness a qualquer instante, é quase incontrolável, como se você estivesse com hipoglicemia sem ser diabética sabe? um horror.

Para aliviar o sono e quebrar o clima daquele evento mulherzinha, pegue seu computador e declame umas músicas dos Racionais MC's, elas vão achar estranho, mas você está em treinamento... tente incorporar o Suplicy e arrase:

Obs: leia esses dois artigos sobre eles no Diplô Brasil:
O novo caminho de Edi Rock e Fim de semana no parque: 20 anos

VIDA LOKA (Parte 1)

Fé em Deus que ele é justo
Ei irmão nunca se esqueça, na guarda, guerreiro

Levanta a cabeça truta, onde estiver seja lá como

For, tenha fé porque até no lixão nasce flor


Ore por nós pastor, lembra da gente no culto dessa

Noite, firmão segue quente

Admiro os crente, da licença aqui

Mó funçao, mó tabela, pow, desculpa ai


Eu me, sinto às vezes meio pá, inseguro

Que nem um vira-lata sem fé no futuro

Vem alguém lá, quem é quem, quem sera meu bom

Dá meu brinquedo de furar moletom


Porque os bico que me vê com os truta na balada

Tenta ver, que saber de mim não vê nada

Porque a confiança é uma mulher ingrata

Que te beija, e te abraça, te rouba e te mata

Desacreditar, nem pensa, só naquela

Se uma mosca ameaça me cata piso nela


O bico deu mó guela, ró

Bico e bandidão vão em casa na missão

Me tromba na cohab

De camisa larga, vai sabe Deus que sabe

Qual é a maldade comigo inimigo num mique

Tocou a campanhia plin, pá trama meu fim, dois maluco

Armado sim, um isqueiro e um stopim

Pronto pra chamar minha preta pra falar

Que eu comi a mina dele, rá, se ela tava lá

Vadia, mentirosa, nunca vi tão mó faia

Espírito do mal

Cão de buceta e saia


Talarico nunca fui, é o seguinte

Ando certo pelo certo, como 10 e 10 é 20

Já penso doido, e se eu tô com o meu filho no sofá

De vacilo desarmado era aquilo

Sem culpa, sem chance, nem pra abri a boca

Ia nessa sem sabe

(pô cê vê) vida loka


Mais na rua num é não, até jack

Tem quem passa um pano

Impostor pé de breque, passa pro malandro

A inveja existe, e a cada 10, 5 é na maldade

A mãe dos pecado capital é a vaidade


Mais se é para resolver, se envolver, vai meu nome

Eu vou fazer o que, se a cadeia é pra homem

Malandrão eu, não, ninguém é bobo

Se quer guerra terá

Se quer paz, quero em dobro

Mais verme é verme, é o que é

Rastejando no chão, sempre embaixo do pé

E fala 1, 2 vez, se marcar até 3

Na 4ª xeque-mate, que nem no xadrez


Eu sou guerreiro do rap

E sempre em alta voltagem

Um por um, Deus por nós, tô aqui de passagem

Vida loka

Eu não tenho dom pra vitima

Justiça e liberdade, a causa é legitima

Meu rap faz o cântico do lokos e dos românticos

Vo por o sorriso de criança, onde for

Os parceiros tenho a oferece minha presença

Talvez até confusa, mais real e intensa


Meu melhor marvin gaye, sabadão na marginal

O que será, será, é nós vamo até o final

Liga eu, liga nós, onde preciso for

No paraíso ou no dia do juízo pastor

E liga eu, e os irmão

É o ponto que eu peço, favela, fundão

Imortal nos meus versos

Vida loka

Suplicy pra inspirar, ele é a sua meta de performance: 

aos queridos do direito, inspirem-se.



Após a declamação teatral, você ouvirá uns aplausos no infinito de alguém que jogava video game naquele momento frufru de mocinhas e costuras. (hahahahahahaha valeu Luiz!) 

Se essa dica não adiantou, enquanto sua amiga linda, fofa e atenciosa costura, se jogue no chão sem pudores, coloque uma revista qualquer na sua cara e durma uma meia hora, você acordará outra, acredite. 

O mais interessante nessa menina-costureira, colunista do cinema em cena, do estante da sala E a mais nova mestranda do PPGAS/UFAM (!!!!) é o descompromisso-prazeroso que ela tem em mexer nos tecidos, em cortá-los utilizando o rejunte da cerâmica, em perceber que tá faltando alguma coisa e improvisar com o que tiver por ali! Amei Isa :)

O resultado é tão singelo sabe?

as mãos de uma pessoa tão querida, num mix de habilidade, tecidos, carinho e linhas criaram não uma capa qualquer para o seu notebook, mas uma manifestação de resistência num mundo duro, corrupto, cínico, esmagador. 

*

vamos ao passo a passo:

as belezocas peladas: você precisa deles para tirar as medidas.

O rejunte vai ajudar a cortar em linha reta.


tá vendo essa parte verdinha dentro das laranjas? é um saquinho de feltro.
tava dormindo quando ela fez (acho) :/ mas é simples!!!!
mini coração vodu! hahahahahaha


esse pedacinho fica na lateral do computador, serve para guardar o carregador :)
Isa estava enfiando o elástico com um grampo pra ele ficar franzidinho.




Essa foto ficou psy, mas é o momento que junta todo mundo
(o saquinho de feltro e o outro de laranja) e costura as bordas.





quase pronto, os dois saquinhos estão juntos. falta a "berinha"que fecha.


Essa é a berinha que fecha!

daí é "só" costurar com os saquinhos...


colocar a sua maquininha!


PRONTO! amei Isa!!!! :D


depois de um jantar gostoso/natureba/bonzão, volte pra casa, exiba à todos sua capinha nova, diga quem fez e seja snobe, acrescentando que ela só faz pros considerados! hahahaahhahahaah

aproveite e leve suas laranjinhas para o evento mais importante da sua vida nesse final de ano, se nada der certo, ao menos você vai brilhar com uma capa estilosa né?

beijinho Isa!


Um comentário:

  1. Sobre o vídeo do Suplicy: um PAUSE para a cara do Senador Jéfferson Péres!!!!!!!!!!

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