domingo, 7 de julho de 2013

Playa Ancón, Cuba: diários de bicicleta


Na época em que  você tinha aulas de espanhol, a professora pediu para cada um da turma escolher um filme e fazer uma mini apresentação sobre ele... na empolgação total, você escolheu diários de motocicleta.

lembro que peguei todas as imagens que selecionei rigorosamente e mandei imprimir em papel de foto, fiz um painel, letras em caneta nanquim... tudo no maior capricho, o filme de Walter Salles merecia todo o respeito.

Gael Garcel está LINDO de viver, e eu passei a ME imaginar fazendo uma viagem como essa enquanto plano secreto. Tudo bem que moto quebrada, quedas, caronas e possíveis estupros, sim, a mulher ainda é a mais violentada, desanima um pouco, mas ok, a paisagem é linda e... sua carne é fraca e vai assim mesmo.

Dando continuidade à viagem mais incrível do mundo, a noite de  Trinidad é repleta de casas de show e escolas de dança! a gringarada se matricula nas aulas, treina uns dois, três dias e arrasa à noite nos mini festivais de dança e música que rolam pela cidade... uma delícia!!!

Trinidad, maio, 2013

Depois de se acabar de dançar, ou tentar ao menos, esse pessoal é muito profissional pro seu gosto... rs, você vai dormir com a sensação que ainda tem muito que aprender nessa vida, inclusive ter um remelexo que preste, igual daqueles corpos lindos em movimento... AMEI!

Pela manhã em Trinidad, seguimos a dica do lonely planet e fomos procurar alugueis de bicicleta pra chegar na Playa Ancón, que fica uns 18 km de Trinidad. De boca em boca, encontramos uma pessoa que nos alugou por 3 CUC´s...  e demos início ao meu plano secreto de fazer um "mini diários de bicicleta"... tudo bem que na versão correta acontece na américa do sul... mas quem se importa? isso é apenas um detalhe e você está no país que Chê escolheu, oras!

graças à modinha irritante de andar de bicicleta em Manaus, da sua irmã linda e seu cunhado que é educador físico respirarem essa vibe, você conseguiu se equilibrar na magrela e saiu fazendo graça naquelas ruas de paralelepípedos... que maravilha! sua bunda tem lembrança desse dia até hoje.


Trinidad, maio, 2013.

Já no finalzinho de Trinidad, tivemos que parar com a bicicleta pois havia um aglomerado de pessoas... bem na nossa frente e alguns carros tentando passar... o quarteto de antropólogas quase tiveram um siricutico tentando adivinhar do que se tratava... Roger Bastide entraria em colapso com tal "coincidência"... será mesmo só isso? tenho minhas dúvidas.




velhos, jovens, crianças, mulheres, homens... todos vestidos de branco, cantavam, dançavam... aproximadamente umas doze pessoas carregavam nos ombros uma caixa de madeira pintada de preto do tamanho de um adulto... faziam um zig zag no ritmo dos "batuques", como se estivessem costurando a rua... muito impressionante. As mulheres choravam e batucavam a caixa preta de madeira, os homens tocavam os instrumentos de percussão... de repente vi um sorriso lindo na minha direção, sorri de volta, um riso consentido de "sinto muito"... recebi um outro de "obrigada". nunca vou esquecer essa sensação, fiquei muito emocionada.

depois de uns dez minutos imersas na cerimônia, saímos dali... e demos continuidade à viagem de bicicleta rumo à praia!

Saindo da parte mais urbana de Trinidad, a paisagem muda, e agora o cenário são campos, árvores, montanhas e uma estrada incrível... ladeiras - descidas - muito vento na cara e pouco esforço, muito obrigada lonely planet, suas dicas foram geniais.


Ufa!





A playa ancón é paradisíaca, fiquei de bubuia naquela prainha cujo cenário era uma areia bem fininha, aquele azul de mar irritante e montanhas ao fundo... minha única preocupação era não deixar a água entrar no meu ouvido ou pisar numa pedra-bicho... ê vidão!




Na volta achei, honestamente, que ia morrer... descobri que o meu condicionamento físico tava uma merda, tava com sede, fome, as ladeiras maravilhosas de descida na ida, viraram subidas escabrosas que o meu corpinho quis pedir arrego milhões de vezes... aquelas velharias lindas, não tinham marcha ¬¬...

as belezocas

entre Trinidad e Playa Ancón

"quis" chorar, desistir e pedir carona... mas fiquei sem coragem, naquela altura eu era uma moça seduzindo total só com a parte de cima do biquíni e um pedaço da blusa cobrindo o resto, com os rumores de crimes que aconteceram na Índia na cabeça, achei melhor não arriscar.

Depois da sensação de morte iminente, finalmente consegui chegar e devolvi a bicicleta.
(...)
Definitivamente, essa experiência foi pra lá de visceral*, em todos os sentidos.


* vá na página 19, o texto é maravilhoso!












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