segunda-feira, 2 de maio de 2016

The Hateful Eight, Beyoncé e abobrinhas

Este texto surge a partir de uma experiencia em uma sala de cinema nos arredores de Manaus, melhor, naquele shopping que insiste em não cair. As terças feiras promete não cobrar estacionamento de seus frequentadores e se auto intitula de "revolucionário". Pois bem, aprendemos que as facetas do capitalismo não tem limites...



Infelizmente, por motivo de felicidade, não tenho mais "carteirinha de estudante" e fui surpreendida com a "tabela cheia" dos placares das salas cinema. Nem adianta ir com a sua bolsinha de pano (encardida) que ganhou no congresso pra barganhar o menor preço, respire fundo e lembre-se da experiência que é lidar com bastante sangue, trilha sonora linda e historinhas criativas de um cara legal como o Tarantino: feche os olhos e pague. 

Assisti, tem uns 40 minutos mais ou menos, "os oito odiados". 

Neste texto que escrevo, há um manto invisível que me protege: o do amadorismo. Há também, uma certa ideia do livro de Michael Baxandall, que tive a oportunidade de ler/conhecer, conversar com outros colegas e considerar os vários questionamentos que vieram com o mesmo. Sem suspense! o livro era "padrões de intensão: a explicação histórica dos quadros". 

Citando arbitrariamente o autor, ele explica que:

"Toda inferência crítica sobre a intensão (artística) é não só convencional em vários sentidos, mas também precária" (p. 194)

E agora, a parte que mais interessa:

"Novas atividades como a crítica de arte, que apenas recentemente se tornou uma profissão e foi reconhecida como uma disciplina acadêmica, tendem a se conceder muito depressa uma autoridade especial. " (p. 196)

Paulo Nazareth (suspiros para este Homem)


Esse é o combinado: não tenho a menor intensão de discutir a "genialidade" do autor ou a obsessiva corrida atrás de uma originalidade cinematográfica, tal como cachorros que esperam a todo instante uma ração especial a cada estréia, com todo o respeito aos reservoir dogs, obviamente. 

O foco é no que esse filme pode nos trazer pra ficarmos cada vez mais exibidinhos <3

*

Nesse domingo, as margens do Igarapé do 40, fui ao aniversário de uma amiga, e ainda que eu estivesse até o tucupi de álcool, pude ouvir ao longe: "eu acho que Foucault despolitiza o movimento social". Logo após ouvir essa frase de gente exibida, a música da festa se sobrepôs ao diálogo e eu me perdi no que estava ouvindo, foquei na melodia do meu contrário: 

Jorge Aragão, Parintins para o mundo ver

Numa questão de segundos, estava na ilha. Lembrei do quanto foi difícil esconder a emoção que senti quando vi a Baixa do São José, devidamente encarnada, rasgar o bumbódromo acompanhada daquela batucada alucinada. Minha "identidade" azul e branca foi instantaneamente questionada. Prometi a mim mesma, em silêncio, que caso descobrisse que era garantido, viveria aquela farsa enquanto eu vivesse. Esperei, com o coração na mão, o meu boi preto entrar sem saber ao certo o que ia acontecer.

Ninguém gosta mais desse boi do que eu, Carlos Paulain


A entrada do meu boizinho me salvou, a marujada entorpeceu... e ali, no meio daquele multidão azulada, eu tive a certeza que era Caprichoso, ainda que abaladíssima pela baixa vermelha.

Voltando da minha reflexão solitária enquanto ilhéu, aterrissei às margens do 40 com o Foucault martelando a minha cabeça: pra que serve uma identidade?

*

Em The hateful eight, identifiquei algumas "categorias" aparentemente bem marcadas: mexicano, mulher, estrangeiros, negro, xerife e oficial do exército branco/hetero/cis, que vão nos ajudar a pensar em algumas bobagens divertidas.

abobrinhas


Esse texto demorou para ser publicado por ter seu parágrafo final abalado pelas torres de marfim dessa cidade. Ele já estava todo estruturado no meu miolo, idolatrando a personagem que mais apanhou [na cara] o filme inteiro ~Daisy Domergue ~

Seus dentes foram devidamente quebrados 
ao longo do filme, nada de novo sob o sol #vaiterfeminismosim


Aparentemente, não se pode compreender nada, inclusive um filme, de forma absoluta, vamos lidar com as diversas interpretações enquanto camadas de entendimento. 

O scholar sentenciou:

Tarantino me decepcionou, vocês viram os oito odiados? "os bandidos", não sei se vocês notaram, eram todos estrangeiros: mexicanos, franceses (...) nos Estados Unidos da América! E o final? bom, não podia ser pior, o xerife (o Estado/a lei) junto com Samuel Jackson [essa foi de doer] o negro do filme, JUNTOS enforcaram a estrangeira. Acho que Tarantino voltou atrás depois que explodiu a casa grande no último filme [Django] rs. 

*

Ao meu amigo Tarantino, um versinho singelo:

Querido
não desisti de você
veja o exemplo da diva Beyoncé
~Courage~
Não fique na depré[once]

HAHAHAHAHA :P

fim



"Ela abraça seu cabelo crespo, sua negritude e sua essência feminina, falando sobre sexualidade, racismo e a opressão social que os africanos e seus descendentes sofriam e ainda sofrem todos os dias. Beyoncé canta sobre um Estados Unidos que nesse aspecto se parece muito com o Brasil e assim como cantou Elza Soares, a americana joga na cara da sociedade que, no fim das contas, 'a carne mais barata do mercado é a negra'. Por isso, a representação visual das canções fazem tanta alusão aos séculos passados: anos após diversas conquistas sociais, como o fim da escravidão e a segregação racial, os negros ainda sofrem. Tomavam limonada na esperança de ficarem mais brancos e hoje, séculos depois, ainda tomam tiros por simplesmente serem negros". ver em: http://www.mazeblog.com.br/resenha-beyonce-lemonade/


Beyoncé, Formation








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