segunda-feira, 2 de maio de 2016

Ciúme, o estrume do amor


Mulher indigesta, 1932.




Não aprendi nada com aquela sentimental canção
Nada pra alertar meu coração
Mulher indigesta você só merece mesmo o céu
Como está no samba de Noel
Você produz raiva, confusão, tristeza e dor
Prova que o ciúme é só o estrume do amor
Vá numa sessão de descarrego ou no médico
Meu amor, tem preço módico
Nãoo tem um tijolo nem um paralelepípedo
Só resta o funk melódico
Num abraço, abraçaço, essa letra te juro
Esse papo de céu foi só pelo Noel
Nem com cheiro de flor bateria em você
Não sou bravo nem forte e nem mesmo do norte
Sem canto de morte no meu HD
O paralelepípedo é o jeito diverso
Que quer dizer raiva e mais raiva e mais raiva
Raiva e desprezo e terror, desamor
O tijolo é gritar você me exasperou
Que você me exasperou
Você me exasperou
Você me exasperou
Você me exasperou

*


Mas que mulher indigesta! (Indigesta)
Merece tijolo na testa
Essa mulher não namora
Também não deixa mais ninguém namorar
É um bom center-half pra marcar
Pois não deixa a linha chutar
E quando se manifesta
O que merece é entrar no açoite
Ela é mais indigesta do que prato
De salada de pepino à meia-noite
Essa mulher é ladina
Toma dinheiro é até chantagista
Arrancou-me três dentes de platina
E foi logo vender no dentista. 

*

Vire essa folha do livro e se esqueça de mim
Finja que o amor acabou e se esqueça de mim
Você não compreendeu que o ciúme é um mal de raiz
E que ter medo de amar não faz ninguém feliz

Agora vá sua vida como você quer
Porém, não se surpreenda se uma outra mulher
Nascer de mim, como do deserto uma flor
E compreender que o ciúme é o perfume do amor.

Ciúme, Paulo Nazareth




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