quarta-feira, 15 de setembro de 2021

O ralo da pia


Ontem a pia da cozinha entupiu. 

Aquela rodinha pequena, um emaranhado de fios de aço que não deixa os restos de qualquer coisa passar, foi esquecida durante o tempo que habito por aqui. 

Não imaginei que seria tão grave.

Mandei essa foto para o grupo da família e meu pai me ligou quase imediatamente:

- Oi, filha. Está com problemas domésticos? (risos). Você vai precisar abrir o cano embaixo da pia e tirar o que tiver atrapalhando a água passar;

- Pai, aqueles ácidos, tipo diabo verde, não adianta? Vou precisar colocar a mão nisso? não quero.

- Vai, não tem jeito. 

A pia passou da manhã até o fim de tarde assim, com essa água parada, suja e com alguns restos de sabe-se lá o que boiando. Com o tempo quase sincronizado ao entupimento da pia, tive que ensaiar um pedido de desculpas. 

Antes tarde do que mais tarde.

A sensação de soco no estomago que nunca tomei, passou alguns dias me perseguindo. A garganta e o cano entalados marcaram a importância daquela peça simples, barata e tão fundamental: o ralo.

Assim que desliguei o telefone e ter sido premiada pelo maior vexame do mundo, minha mãe me ligou na sequencia para explicar como desentupir o cano. Não deu tempo de respirar nem processar a ressaca moral. 

- Filha, coloca uma bacia embaixo da pia para não ter risco de molhar tudo. Se você estiver com nojo (risos) calça as luvas de borracha. Assim que a água toda sair, joga na pia do banheiro e procura identificar o que pode estar ali dentro. Tira tudo. Ainda bem que estava no sifão, quando o entupimento é mais dentro do cano tem que quebrar a parede. Usa sempre a tela de proteção da pia. E nunca tentar empurrar resíduos dentro do cano. 

Quando a água inteira escorreu, guardei as panelas, fechei as portas, lavei a pia e algumas coisas que estavam por ali. Olhei pro ralo e chorei. 




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